“Eu sempre vos amei, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Em que nos tens amado?”
A mensagem do
livro de Malaquias nos é apresentada em uma estrutura de diálogo constituído
por uma declaração de Deus, um questionamento do povo a essa declaração e a
resposta de Deus ao questionamento. O primeiro diálogo do livro está no
capítulo primeiro, do versículo 1 a 5, que trata do amor de Deus por Israel.
Embora o prólogo
da profecia indique que é uma sentença contra Israel (1.1), Deus inicia
declarando o seu amor fiel pelo povo, dizendo que sempre os amou (1.2). Se os
judeus olhassem para a sua história, podiam ver claramente Deus manifestando continuamente
seu amor por eles, pois foi esse povo que Deus escolheu para fazer uma Aliança,
os preservou de serem destruídos, lhes entregou as promessas mais preciosas,
inclusive, a que seria da descendência deles que viria o sangue da realeza na
terra, Deus se revelou a eles de uma forma que não fez a nenhum outro povo, mas
mesmo assim, o povo perguntou, obstinadamente: “Em que nos tens amado?” Nesse
questionamento se percebe que eles estavam medindo o amor de Deus pelas
circunstâncias em que estavam vivendo e que não eram muito favoráveis, pois
eram vassalos de um rei estrangeiro, pagavam pesados tributos aos persas,
moravam de aluguel em sua própria terra e as colheitas não eram abundantes, por
conta disso, estavam questionando a efetividade do amor de Deus comparando-o a
situação de opressão e sofrimento em que estavam vivendo.
Deus, então,
misericordiosamente, responde a esse questionamento usando dois argumentos:
1. A eleição incondicional de Jacó: O
Senhor pergunta: “Não era Esaú irmão de Jacó? todavia amei a Jacó”, aqui Deus
está se remetendo ao episódio de Gênesis 25:21-26, onde narra o nascimento
deles e mesmo quando ainda estavam no ventre, o Senhor disse que o maior
serviria o menor, e como Esaú foi o primogênito isso já indicava que Deus havia
escolhido Jacó para dá continuidade a Aliança. O escolheu soberanamente, pois
Jacó não era de modo nenhum melhor que Esaú. A eleição não foi baseada em
méritos, pois embora os dois fossem da mesma linhagem, a de Abraão, e ainda que
Esaú fosse o primogênito, Deus escolheu Jacó. Então o Senhor está dizendo que a
prova do Seu amor por eles não estava nas circunstancias em que eles se
encontravam, mas no fato dEle ter elegido esse povo quando escolheu o patriarca
Jacó.
2. A rejeição de Esaú: O povo
precisava entender o que significa não ser amado por Deus e o Senhor usa o
exemplo de Esaú e a sua descendência para mostrar isso aos israelitas. Embora
Esaú fosse o irmão mais velho de Jacó e por definição o herdeiro principal,
Deus diz que o rejeitou e fez dos seus montes uma desolação e deu sua terra aos
chacais do deserto (1.3), essa é a forma de Deus dizer que havia destruído a
nação que fora construída pelos edomitas, isto é, os descendentes de Esaú, e
nos dias em que Malaquias estava entregando essa mensagem aos israelitas, os
edomitas já não existiam mais como uma nação. E Deus ainda diz que mesmo se
eles se edificassem (1.4), ou seja, se organizassem de novo como uma nação, o
Senhor os destruiria, porque eles são o povo contra quem Deus está irado para
sempre. Com isso o Senhor está mostrando a preciosidade que há no fato deles
serem o objeto do Seu amor eletivo, coisa que Esaú e seus descendentes não
foram, mas o contrário, foram o objeto de Sua ira. E assim como Deus
estabeleceu que arruinaria a descendência de Esaú para sempre, Ele também
decretou que preservaria a descendência de Jacó.
Com isso Deus
termina de responder esse primeiro questionamento do povo concluindo no
versículo 5, onde faz uma chamada a Sua grandiosidade, dizendo que quando eles
entenderem o quanto Deus os tem amado e o quanto Ele tem demonstrado esse amor
ao preservá-los, mesmo que nações muito maiores e mais fortes tenham sido
destruídas, eles não foram porque Deus os tem protegido, e quando eles
entenderem isso, então dirão: “Grande é o Senhor além dos limites de Israel”
(1.5).
Esse diálogo de
Deus com os israelitas nos traz ensinamentos muito oportunos e faríamos bem se
atentássemos para eles. Se somos parte do povo de Deus, precisamos acreditar
que Ele realmente nos ama, mas não são poucas as vezes em que as situações
difíceis nos fazem duvidar do Seu amor por nós, quem nunca se perguntou: “Se
Deus me ama, porque estou passando por isso?” Quando as coisas não acontecem do
jeito que esperamos, quando somos levadas aos vales escuros da vida,
pensamentos perturbadores povoam nossa mente para nos levar a duvidar da
verdade imutável de que Deus nos ama.
O Senhor
respondeu aos israelitas que a prova do Seu amor não estava nas circunstâncias
em que eles se encontravam, mas no fato deles terem sido elegidos dentre todos
os povos como a propriedade exclusiva de Deus.
Não olhe para os
problemas da sua vida e pense que a existência deles implica na ausência do
amor de Deus por você, lembre-se que o Senhor nunca prometeu que nessa vida
você não passaria por sofrimentos, mas Sua Palavra nos assegura sim, que todas
as coisas, inclusive o sofrimento, contribuem para o nosso bem. E esse bem não
é o bem-estar da nossa carne, a satisfação da nossa natureza pecaminosa, mas o
bem maior, que é a conformidade ao caráter perfeito de Jesus Cristo. Nenhuma de
nós tem o direito de duvidar da legitimidade desse amor. Certa vez o puritano
John Owen escreveu:
“A maior tristeza e peso que você pode dar ao Pai, a maior indelicadeza que você pode fazer a Ele é não crer que Ele te ama”.
O apostolo Paulo
na Carta aos Romanos pergunta: “Aquele que não poupou nem o próprio Filho, mas,
pelo contrário, o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele
todas as coisas?” (Rm 8.32). E no final do capítulo oito de Romanos, Paulo
lista uma série de coisas que fazem parte da vida dos cristãos nesse mundo,
questionando se elas poderiam nos separar do amor de Deus, e a resposta é que
nada poderá nos separar desse amor que foi manifestado na pessoa bendita de
nosso Senhor Jesus Cristo.
Deus nunca
deixará de nos amar, e Ele prova isso no fato de ter nos escolhido em Cristo
para sermos parte de Sua família. Que venhamos a refletir sobre a preciosidade
desse amor imutável e que peçamos perdão a Deus com o coração quebrantado, por
todas as vezes em que a dor na nossa carne e o sofrimento do coração nos deixou
tão insensíveis e incrédulas que nos fez duvidar de Suas palavras fiéis e
verdadeiras de que Ele nos ama com amor eterno (Jr 31.3).
Sonaly Soares
Perfeita exposição do amor de Deus!
ResponderExcluirOlá, Vanessa!
ExcluirDeus te guarde em Seu amor.
Que texto maravilhoso e edificante! As circunstâncias não abalam, alteram, nem significa que Ele não nos ama! Pelo contrário! Tudo é para nosso crescimento! Que possamos crescer no Senhor sem jamais duvidar do seu amor eterno!
ResponderExcluirwww.momentosassim.com.br
Olá, Allen1
ExcluirVerdade, nada pode mudar o amor de Deus por nós.
Lindo o seu blog.
Deus te abençoe.