Como a humilhação traz a vitória - Por Francine Veríssimo
A guerra estava declarada.
Parte do povo se encontrava escondida em suas casas, os muros altos com guardas
ao redor, os portões trancados e selados. A cidade estava rigorosamente
fechada.
Das frestas no muro
os cidadãos mais curiosos podiam se amontoar para tentar enxergar alguma coisa.
Ao longe eles viam uma grande multidão. Um povo tão grande quanto silencioso. O
que eles estão fazendo?, cochichavam uns aos outros. Por que não atacam?. Todo
o povo já se encontrava impaciente. Há seis dias aguardavam, e nada. Há seis
dias esse grande povo, que até aqui os havia amedrontado com a ameaça de um
iminente ataque, se encontrava rodeando a cidade em silêncio, apenas ressoando
suas trombetas.
O medo que havia
tomado a nação por dias começava a se dissipar. Eles tinham escutado as
histórias, lendas talvez, de um deus tão grande que havia tirado esse povo todo
de um forte grilhão de escravidão. O mesmo deus parecia ter os feito andar por
quarentas anos no deserto escaldante para então os colocar bem ali, à beira do
Jordão, às portas de Jericó. E quando eles se encontraram de frente às águas,
aquele deus parecia ter aberto o rio! E o povo passou de pés secos? Como era
possível isso? Só podia ser lenda. Certamente não havia porque se preocupar.
E, agora aqui
estavam eles, às suas portas. E seus corações se desfaleceram. Pensaram ser o
fim. Mas eles ficaram somente rodeando e rodeando essa cidade, em silêncio?
Chegava a ser ridículo. Eles estão blefando. Nem têm tantas armas assim. Não
tem nenhuma possibilidade de chegarem até nós somente com aquelas espadas e,
ora vejam só, trombetas! Povozinho ridículo.
Ah, aqui estão eles
novamente. Mas hoje estão a rodear a cidade mais vezes. Duas. Três. Quatro.
Será que eles acham mesmo que passarão por esses muros de tijolos pesados?
Cinco. Ora, olhem para nossos portões! Olhe o ferro! Como vão entrar? Seis. Não
há o que temer. Esse deus e esse povo não nos atingirão. Sete.
Sons de trombeta.
Gritos. O silêncio foi quebrado.
Sem nenhuma
explicação, sem nenhuma lógica ou ciência que explique, os muros caem.
Sozinhos. Sem o esforço do povo. Afinal de contas, essa guerra nunca foi deles.
Seu Capitão falou, “EU os entreguei nas suas mãos” (cf. Js. 6:2).
Nenhum muro segurou
a vitória de Israel.
***
Enquanto lia essa
passagem de Josué, nada havia saltado aos meus olhos que já não tivesse sido
aprendido pelo meu coração. Sabe, as mesmas lições de sempre: Deus é quem age;
Deus fez o milagre; o povo obedeceu; a vitória veio pelas mãos do Senhor… Tudo
aquilo que nós aprendemos sobre Josué e Jericó nas aulas de Domingo de manhã,
na EBD.
Mas foi quando
voltei meus olhos aos comentários de D. L. Moody, algo novo surgiu. Uma nova
lição que se encontra nas entrelinhas. Assim ele diz:
“A execução desta ordem em absoluto silêncio, a não ser pelas trombetas (6:8), só poderia produzir o ridículo entre o inimigo, e assim seria uma disciplina de humilhação para os israelitas.” (D. L. Moody, comentário sobre Josué, p. 20)
Eu nunca tinha
pensado nisso. Vemos no começo do capítulo que o povo estava com tanto, mas
tanto medo, que a cidade estava “rigorosamente fechada (…) ninguém saia e
ninguém entrava” (cf. Js. 6:1). Há algum tempo o povo de Jericó ouvia falar
dessa grande multidão, desse povo nômade, que planejava atacar suas terras. E
eles haviam escutado sobre o quão grande era esse Deus que os acompanhava -
Deus de milagres, que havia aberto o mar, o rio, e destruído o Egito, uma das
grandes potências da época.
Por isso, o coração
deles “desfaleceram de medo” (cf. Js. 5:1).
Mas, agora, ali
estava aquele povo todo, às portas da cidade, e eles faziam… nada. Só
marchavam.
Realmente, não me
parece uma estratégia de guerra muito promissora. Penso até que o povo começou
a se encorajar e duvidar que eles pudessem, de fato, fazer qualquer coisa.
E eles tinham razão
- eles não podiam.
Mas, a grande
questão é: Deus quis que fosse assim - que eles marchassem, que o povo se
desencorajasse, que fosse humilhante para os israelitas; e isso por dois
propósitos, creio eu: Para que os israelitas aprendessem humildade; e para que
o povo de Jericó aprendesse que os “famosos” pobres homens de Israel nada
podiam - era Deus, e somente Deus, quem operava maravilhas.
Pense em Israel,
esse povo orgulhoso, que depois de ver com seus próprios olhos os milagres de
Deus, ainda escolheu cair. Vez após vez. Murmurar. Se sentiam dignos de mais do
que aquela areia entre os dedos e a comida que caía do céu. Queriam mais,
sempre mais. E Deus os castigou - quis desistir deles várias vezes, inclusive.
Mas, permaneceu fiel à aliança que havia feito com seu amado Abraão. E aturou
esse povo por anos.
E agora eles
estavam ali, literalmente às portas da promessa. E Deus diz, “Humilhem-se. Não
será na força de vocês. Eu nem sequer preciso de vocês. Humilhem-se”. Esse Deus
misericordioso, que poderia tê-los destruído completamente, escolheu levá-los à
terra prometida. Mas, era preciso aprender essa lição antes: humildade. Então
enquanto suas bocas gritavam rumo à guerra, seus corações sussurravam “Não a
nós, Senhor, mas ao Teu nome seja a glória” (cf. Sl. 115:1).
E pense em Jericó,
esse povo pagão, que vivia longe do Deus vivo e verdadeiro. Eles ficaram com
medo, mas eles só conheciam esse Deus de ouvir falar. E agora o Senhor chegava
e mostrava a eles quem Ele era. Não um Deus que depende de mãos humanas. Não.
Ele não precisava que os israelitas chegassem chutando, gritando e tocando fogo
em tudo. Não. Eles marchariam em silêncio. Eles deixariam esse povo duvidando
por seis dias. E então, Ele, o Deus de Israel, é quem lutaria por Israel. Ele
fez os muros ruírem. E aquele povo viu, pouco antes de ser destruído, o quão
grande é o Eu Sou.
Essa é uma lição
que eu ainda preciso aprender. Eu sou como Israel - facilmente me sinto mais
digna do que, de fato, sou. Facilmente penso: eu não mereço esse deserto. Não
mereço esse desemprego. Não mereço essa doença. Não mereço a solteirice. Eu
mereço mais. Quero as carnes e temperos do Egito, chega de Maná e chega da
dependência de Deus.
E Deus me relembra
- humilhe-se, Francine. Humilhe-se diante de mim.
E sabe? Assim como
Israel, eu tenho aprendido que enquanto eu me humilho sob a poderosa mão de
Deus, Ele luta as minhas guerras por mim.
Glórias a Ele por
isso.
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Francine Veríssimo é
Pedagoga por formação e Escritora por paixão. Blogueira desde 2007, atualmente
tem seu ministério no Graça em Flor (gracaemflor.com).
Sua grande motivação é ver as meninas do Brasil rendidas à Cruz de Cristo.
Congrega na Igreja Batista Maranata, no interior de São Paulo.
Quando alicerçamos a nossa fé nas escrituras, somos edificados! Que benção de contexto. Mais um momento de florescermos na presença do Senhor Jesus Cristo! Deus seja louvado!! Graça e paz a vocês mulheres escolhidas do nosso PAI.
ResponderExcluirAmém, Eva!
ExcluirO Senhor te abençoe. Um abraço!
Esse texto me abençoou muitíssimo. Glória a Deus por isso.
ResponderExcluirGlória a Deus por sua edificação.
ExcluirDeus te abençoe. Um abraço!
Nossa profundo! Eu preciso disso!
ResponderExcluirO Senhor te abençoe, Rosi!
ExcluirUm abraço.
Sou exatamente como Israel! Que sobre nós venha a misericórdia do nosso Pai
ResponderExcluirAmém, Maria Francely.
ExcluirDeus te abençoe. Um abraço.
Que diante do amor de Deus seu coração esteja cada dia mais rendido e entregue a Ele.
ResponderExcluirA Paz de Cristo te invada e te faça ser sal e luz no mundo!
Obrigada por sua dedicação tão bem escrita.
Amém! O Senhor te abençoe.
ExcluirUm abraço.
Deus a abençoe querida, estou emocionalmente fragil, estou no deserto, preciso muito me humilhar e esperar chegar o dia que o meu Deus destruirá os muros.
ResponderExcluirDeus te abençoe, Malu e te dê graça para continuar.
ExcluirUm abraço!