Deus conosco: O milagre da encarnação
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. (João 1.14)
Deus assumiu a carne humana e se humilhou para nos
reconciliar com Ele mesmo, assim, a história da humanidade é marcada de uma vez
por todas. A Bíblia nos mostra como, onde e quando isso aconteceu, atentemos,
portanto, para o texto do evangelho de Lucas que descreve a anunciação do
nascimento de Jesus:
Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. (Lucas 1.31-32)
Você já deve ter pensado o que teria se passado pela cabeça
de Maria, as perguntas que surgiram em sua mente. Imagine só, uma moça prestes
a se casar descobrindo que terá um filho sem nunca antes ter se submetido às
condições naturais para isso. Impossibilidade? Não para Deus. No meio
artístico, muitas pinturas retratam este momento, poemas e músicas tentam
retomar a alegria do milagre da vinda do Salvador. O poema “Salmo para a manhã
de natal” ¹, de Thomas Pestell, é uma linda composição que nos revela a beleza
da encarnação:
Veja, o Grande Criador fez
A si mesmo uma casa de barro
Um manto de carne virgem tomou
Que vestirá por nós
Ouça, ouça o sábio e eterno Verbo
Como um bebê chora
O Senhor veio como servo
E Deus no berço repousa
Há ainda uma música interpretada por alguns cantores e
grupos musicais intitulada de “Mary, did you know?”², em português “Maria, tu
sabias?”, nesta canção, é como se alguém questionasse a ciência de Maria a
respeito da grandiosidade do seu pequeno bebê. Um trecho marcante diz:
Maria, tu sabias que o teu Bebê criou os céus e a Terra?
Maria, tu sabias que o teu Bebê governará nações?
Sabias que o teu Bebê dos céus era o Cordeiro?
E a criança que seguras é o grande "Eu Sou"?
Contemple a beleza que você não pode entender totalmente,
veja o cenário. A vinda de um bebê iniciou o nosso retorno ao lar, ao
verdadeiro propósito. Um menino nasceu para nos proporcionar o novo nascimento.
A criança acolhida nos braços da mãe é o Deus que nos tomou por adoção. O
recém-nascido em uma manjedoura de Belém iluminou o mundo inteiro. O bebê
vulnerável, propenso ao choro, é O Senhor que enxuga e enxugará toda lágrima. O
garoto que precisou aprender a andar é o Guia que direciona e sustenta os
nossos passos. Infinito revestido de finitude, o Senhor eterno viveu sob as
limitações do tempo. Esvaziou-se a si mesmo para a carne humana habitar sem,
contudo, deixar de ser Deus (Fp. 2.7).
A figura de Deus estendido sobre a palha, longe dos palácios
e vestes reais, não nos decepciona, antes, como aos pastores, nos maravilha,
gerando adoração e devoção. Um menino nos nasceu! Deus enviou seu filho amado!
O governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso
Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz (Is 9.6). Jesus, Deus
encarnado, consolação de Israel, a semente prometida, soberano sobre todas as
coisas, desejado das nações. Esperança nossa. Salvador.
Era necessário que Ele se tornasse semelhante a nós, e foi o
que aconteceu. Deus conhece o coração do homem e sabe todas as nossas
fragilidades porque cuida dos filhos como um Pai atento, e ainda mais: um pai
que já esteve em nosso lugar. Viveu a vida que deveríamos viver e pagou o preço
que deveríamos pagar.
À vista disso, você pode confiar plenamente naquele
que nunca te deixou e que conhece como ninguém a sua estrutura. Quando seus olhos
se recusarem a enxergar todas as dádivas recebidas, lembre-se do bebê no
estábulo, lembre-se que quem governa o universo veio até você. Se a fraqueza
falar mais alto e as tentações parecerem avassaladoras, lembre-se que Jesus se
compadece de nós porque passou por todo tipo de tentação, mas não pecou.
Moça, quando tudo parecer irreparável, confie no único capaz
de acalmar tempestades, controlar os ventos e instaurar ordem no caos. Nada
foge do Seu controle. Como na canção, lembre-se que o menino que um dia esteve
nos braços da mãe, é o grande “Eu Sou”, nada está fora de suas mãos. Quando
parecer que não há mais ninguém ao seu lado, lembre-se que o Senhor nunca te
abandonará. Este texto não é sobre uma época do ano simplesmente (embora se
torne oportuno nestes momentos de celebração), é sobre o maior presente que
você já recebeu, é sobre Deus conosco.
Juliany Correia
__________________
¹ McGrath, Alister. Encarnação. São Paulo: Hagnos, 2011. p.
30.
² Disponível em:
https://www.letras.mus.br/jeremy-camp/mary-did-you-know/traducao.html
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