Na travessia da vida, não esqueça a fé
Imagine uma pessoa que já passou por uma perigosa ponte cheia de defeitos diversas vezes. Em todas as experiências de atravessar aquela ponte, ela contou com uma notável ajuda, e esta a fez sentir-se segura. Certo dia, essa pessoa novamente se deparou com a temível ponte. Antes da temida travessia, turbilhões de pensamentos invadiram sua frágil mente, que então ficou duvidosa se desta vez aquela ajuda de novo apareceria. O que você diria a esta pessoa? “Bobagem, não duvide, a ajuda já surgiu diversas ocasiões, por que não agora?” “Que estupidez! Como não acreditar em algo tão constante?” “Como alguém pode ser tão incrédulo? Se fosse comigo, nunca me comportaria assim.”
Podemos nos perguntar o que há de tão errado em se preocupar
com o pão, visto que todos ali tinham necessidade de se alimentar,
principalmente porque estavam indo para outra cidade. Contudo, podemos enxergar
neste acontecimento quão falho é o ser humano no que diz respeito à confiança
em Deus. Os discípulos temeram e duvidaram mais uma vez daquilo que poderia
acontecer através do Senhor, e questionaram o poder que outrora já fora
demonstrado. Eles já haviam presenciado uma grande multidão ser alimentada duas
vezes. Os seus olhos viram o improvável, ainda assim os seus corações não
descansaram naquilo que deveriam ter certeza, a saber, em todas as situações,
Cristo é suficiente.
Não poucas vezes nos sentimos prontas para encher os pulmões
de ar e falar as frases mencionadas no início deste texto. Porém, assim como os
discípulos falharam em confiar no Senhor e não compreenderam que a sua
preocupação era infundada, pois quem viajava com eles era Totalmente Poderoso,
nós também procedemos de tal maneira. Quantas vezes desconfiamos do que Deus
pode realizar e focamos demasiadamente nossa atenção naquilo que deveria ser
confiado a Ele? Por que não conseguimos compreender que durante toda a nossa
trajetória aqui na terra - e para toda a eternidade - o nosso Pai estará
conosco e que não precisamos nos preocupar com o pão? A falta de fé é
paralisante. Ela nos impede de entender qual é a vontade de Deus
para a nossa vida por meio de Sua Palavra, de descansar Nele, de agradá-lo e
glorificá-lo. A ansiedade preenche o nosso ser, e já não entendemos
que Deus nos chamou para sermos mulheres que vivem pela fé. Ficamos preocupadas
com o pão. Questionamos como será a nossa vida, o que haverá de suceder,
quando teremos o emprego dos sonhos, com quantos anos iremos casar, mas
esquecemos de levar a Deus as nossas orações e súplicas por meio de Cristo e na
certeza de que o Espírito Santo intercede por nós.
Recordemos a história de Jill no livro “A cadeira de prata”,
em As Crônicas de Nárnia¹. Aslam havia dado quatro instruções detalhadas acerca
do que sucederia na aventura que logo começaria. Devido às situações
externas e internas, apesar da confiança que demonstrou no início, a menina se
vê totalmente confusa e esquecida do que tinha de ser feito. Dúvidas invadem o
seu pequeno coração. A esta altura, Jill estava com a sua fé abalada, pois não
se recordava das palavras reconfortantes proferidas pelo Grande Leão.
O Senhor nos relembra de maneira graciosa que não precisamos
ficar ansiosas. Devemos ter fé naquilo que Deus pode fazer, e Ele pode fazer
tudo! Que a fé não nos falte na travessia desta vida, apesar das circunstâncias
adversas, dúvidas, temores, sofrimentos, violência, calamidades. Por mais que a
ponte seja perigosa, contamos com uma ajuda constante. Tenhamos fé!
Hellen Juliane
¹LEWIS, C.S. As Crônicas de Nárnia. São Paulo: Editora WMF
Martins Fontes, 2009.
Muito bom o texto!
ResponderExcluir