Comunhão perseverante
Nos últimos meses, tenho visto alguns conteúdos e conversado sobre
relacionamentos na igreja, mas este assunto paira nos meus pensamentos há um
tempo. Já temos alguns textos no blog que conversam com esta temática, mas o
que quero compartilhar hoje tem mais um tom de “desabafo esperançoso”.
Em muitos momentos, ao ler Atos
2:42-47, eu quis me imaginar como integrante da igreja primitiva. Assim como
outros aspectos, temos muito o que aprender com os primeiros cristãos sobre
unidade, visto que mesmo em contextos diferentes, o princípio de comunhão
cristã permanece bom e suave.
Servir a Deus em comunidade é uma
benção que frequentemente temos desprezado. Quando falo em servir em comunidade
não me refiro apenas aos momentos em que nos reunimos no domingo, embora sejam
muito importantes, é preciso considerar além disso.
É comum observarmos diferentes
formas e níveis de divisões que perpassam a igreja de Cristo, seja no âmbito
interdenominacional ou mesmo dentro de uma congregação específica. Em todos os
casos, há sempre uma preocupação maior com a esfera individual, queremos tanto
preservar a nossa individualidade ou obter um certo tipo de “destaque pessoal”,
que esquecemos que fazemos parte de um corpo.
Além disso, as rotinas pesadas e
agendas cheias - às vezes justificativas honestas – acabam se tornando uma
desculpa quando se trata de reunir-se como igreja. Isso é perceptível não
apenas nos cultos vazios durante a semana, mas também nas relações superficiais
que construímos com nossos irmãos.
É possível que não se esteja
buscando diretamente o isolamento, mas apenas descanso ou algo equivalente.
Porém, quando abrimos mão dos momentos em que podemos orar com e por nossos
irmãos, quando deixamos de partilhar tantas coisas e quando não nos importamos
em servir juntos, é exatamente isso que encontramos. Ignorar a vida em
comunidade é insensatez, é preocupar-se apenas consigo, conforme lemos em
Provérbios 18.1:
Busca satisfazer seu próprio desejo aquele que se isola; ele se insurge contra toda sabedoria.
Constantemente, nos encontramos
distantes uns dos outros – como exilados no meio da multidão – mesmo tendo um
tesouro em comum, mas quando Cristo é o centro dos nossos relacionamentos,
entendemos que podemos glorificá-lo através deles.
Pergunte a si mesma: Quando foi a
última vez que eu orei com meus irmãos? Quando foi a última vez que eu me
importei com pessoas tão próximas a mim? Quando foi a última vez que eu me
senti acolhida ao compartilhar minhas vulnerabilidades? Quando foi a última vez
que as pessoas puderam contar comigo? Quando foi a última vez que eu pude
sorrir, chorar e servir junto às pessoas do meu convívio? Quando foi a última
vez que nos reunimos para uma refeição?
Outras perguntas caberiam aqui e
não importa quais tenham sido suas respostas e o motivo para cada uma. Importa
que você tenha uma melhor compreensão de que não foi criada para viver
isoladamente, e a partir desta compreensão possa vivenciar momentos de
verdadeira comunhão, construindo relacionamentos que agradem ao Senhor. Precisamos
desfrutar de uma comunhão perseverante, isto é, uma comunhão que não se limita
apenas aos cultos que frequentamos, mas que se reverbera em nossas ações e
relacionamentos.
O Deus trino nos chama a viver em
comunidade. Aquele que disse “façamos” quer que aprendamos a utilizar mais a
primeira pessoa do plural. Não tenha medo de gastar tempo com pessoas, não
ignore a importância da comunhão cristã, busque profundidade nos
relacionamentos e esteja disposta a servir em comunidade. Relações reais são imperfeitas,
mas, desde o início, Deus viu que a solidão não era algo bom.
Retorno o olhar para a igreja
primitiva, desejando que o “perseverar na comunhão” também seja buscado pela
igreja de Cristo hoje. Que nossos relacionamentos sejam aperfeiçoados a cada
dia, para que através deles possamos vislumbrar a glória futura de estarmos
juntos – como povo único e diverso - na presença do nosso Rei eternamente.
Juliany Correia
Que texto maravilhoso...
ResponderExcluirMuito bom o texto!
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