“Amarão mais os prazeres do que a Deus”


Por volta do ano 67/68, enquanto aguardava o martírio, o apóstolo Paulo escreveu sua última carta, endereçada ao seu amigo íntimo e companheiro de confiança, Timóteo. Movido por um zelo intenso pela pureza da doutrina e o cuidado amoroso para com a igreja, Paulo o aconselha a preservar o ensinamento que recebeu (II Tm. 1.13), e o adverte quanto à extrema corrupção que se desencadearia durante o período que ele chama de “últimos dias” (II Tm. 3.1-9). No Novo Testamento essa expressão se refere ao espaço de tempo compreendido entre a primeira e a segunda vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo (At. 2.17; II Pe. 3.3; Hb. 1.2; Jd. 18), muito embora, na medida em que se aproximar do fim, os dias serão mais difíceis e agonizantes, sendo marcados por um colapso nos padrões morais, decorrente da decadência espiritual, caracterizada, essencialmente, pelo desprezo a Deus.
 
Paulo apresenta um catálogo de pecados que deriva do amor que os homens sentem por si mesmos (II Tm. 3.2a), “eles serão”, diz ele, “gananciosos, arrogantes, presunçosos, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, incapazes de perdoar, caluniadores, descontrolados, cruéis, inimigos do bem, traidores, inconsequentes, orgulhosos, amarão mais os prazeres do que a Deus” (II Tm. 3.2-4). O apóstolo Paulo está indicando que o que tornará esses dias difíceis para o povo de Deus, não serão catástrofes naturais, fome, doenças ou falta de recursos, mas pessoas impiedosas cujas mentes são hostis a Deus e a Sua Lei. A última característica que ele aponta ao delinear a conduta moral dessas pessoas é o amor que elas devotarão aos prazeres e não a Deus, “sugerindo que o que está fundamentalmente errado com essas pessoas é que o seu amor está mal dirigido”2, pois deveria ser direcionado, antes de tudo, a Deus. Assim sendo, elas quebram o maior dos mandamentos: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento” (Mt. 22.37), nesse mandamento está a finalidade da existência de todos os seres humanos. Aqui Deus expressa o Seu desejo de ser amado por Suas criaturas.

Nos nossos dias, vemos com angústia, nossa sociedade sucumbindo ante a desenfreada busca por prazer, não importando a que grau de perversão moral possa chegar, “o importante é ser feliz”, nos dizem a todo instante. De tão afeiçoados pelos prazeres do pecado, degradam seus corpos, endurecem seus corações e obscurecem o entendimento tornando seus raciocínios nulos. Como a moralidade ocidental, enraizada nos valores cristãos, está sendo demolida, de forma que nos encontramos na difícil situação de termos que discutir sobre coisas óbvias como o sexo de um bebê ou a humanidade de um feto, caminhamos para a completa corrupção moral que tende a ser o resultado do abandono dos homens a Deus para ficarem ocupados com o próprio "eu". Enlouquecidos, tentam banir qualquer ideia de Deus de suas consciências e da própria criação, buscando conforto no engano de que nunca terão de prestar contas de seus atos e assim “detém a verdade pela injustiça” (Rm. 1.18b). Amam mais os prazeres do que a Deus, na verdade o único sentimento que devotam a Deus é ódio, porque Deus representa tudo o que eles abominam: santidade, pureza, justiça, bondade, amor sacrifical. Hoje se tolera as mais execráveis formas de blasfêmias contra nosso Senhor, mostrando o quanto são hostis a Ele e rebeldes ao Seu governo.

O mundo não sabe, mas amar a Deus significa amar o mais sublime e permanente de todos os prazeres, pois todo prazer que possamos usufruir nessa vida são apenas amostras do Real e Eterno prazer que há somente em Deus, Jonathan Edwards, escreveu:

“O gozo de Deus é a única felicidade com a qual nossa alma pode satisfazer-se... Pais e mães, maridos, mulheres, filhos ou a companhia de amigos terrenos são apenas sombras; mas, Deus é a substância. Eles são apenas raios de luz, Deus é o Sol. Eles são correntes de água, Deus é a fonte. Eles são gotas, Deus é o oceano.”3


Portanto, não há gozo para o povo de Deus, que esteja desassociado dEle. As religiões atraem seus fieis com as mais diversas promessas de prazer, o islamismo, por exemplo, tem como grande promessa de gozo um paraíso cheio de sensualidade, no Alcorão encontramos a seguinte promessa:

“E se deitarão sobre leitos incrustados com pedras preciosas, frente a frente, onde lhes servirão jovens de frescores imortais com taças e jarras cheias de vinho que não lhes provocará dores de cabeça nem intoxicação, e frutas de sua predileção, e carne das aves que desejarem. E deles serão as huris [virgens] de olhos escuros, castas como pérolas bem guardadas, em recompensa por tudo quanto houverem feito. (…) Sabei que criamos as huris para eles, e as fizemos virgens, companheiras amorosas para os justos.”4

Bem diferente do paraíso cristão, em que a Grande Promessa de prazer é o próprio Deus, a Trindade Santa se dando a nós, o Seu povo. Essa é a felicidade que nos foi prometida e assegurada pelo Filho de Deus, Jesus Cristo, que não esperemos nada menos que isso, seja nessa vida ou na outra. 


Sonaly Soares
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 1. HALLEY, Henry Hampton. Manual Bíblico de Halley. São Paulo: Editora Vida, 2001.
2. STOTT, John R. W. Tu, porém, A mensagem de 2 Timóteo. 1 ed. São Paulo: Editora Abu, 1982.
3. EDWARDS, Jonathan. O Peregrino Cristão. Baixado gratuitamente do site: oestandartedecristo.com
4. Alcorão - Surata nº 56, versículos 12-40.   

8 comentários:

  1. A exatidão das Santas Escrituras é tremenda, e o texto é excelente!

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    1. Olá, Vanessa!

      De fato só temos a Escritura como guia absolutamente confiável, o resto são especulações. Que o Senhor nos ajude a permanecer submissas aos Seu ensinamentos.

      Abraço fraterno!

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  2. Que Deus abençoe muito,pois esse texto falou muito comigo.

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    1. Olá, Prizinha!

      Glória a Deus! Que o Senhor te abençoe em Cristo Jesus.

      Abraço fraterno!

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  3. ha muito tempo não leio texto cristocentrico voltado para mulheres.

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    1. Olá, Gabrielle!

      Glória a Deus. Que Cristo seja o centro de nossas vidas.

      Deus te abençoe. Um abraço!

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