“O Senhor me concedeu o pedido que fiz” (I Sm. 1.27b)


Por volta do ano 1100 a.C., em Siló, uma mulher orava angustiada na região montanhosa de Efraim, localizada no centro de Canaã, ela era esposa de um homem da tribo de Levi chamado Elcana (I Sm 1.1; I Cr 6.33-38). Ele tinha duas mulheres: a primeira esposa era a angustiada Ana e a segunda, Penina. O primeiro capítulo do primeiro livro de Samuel inicia mostrando o drama de Ana, pois sendo estéril, a frustração de não ter filhos, trazia-lhe demasiada tristeza, que ainda era agravada pelas provocações da segunda esposa do seu marido, Penina, a qual tinha vários filhos. Era evidente para todos que Elcana amava mais a Ana e isso provocava ciúmes e inveja em Penina, levando-a a estar sempre atormentando Ana.

No contexto social em que Ana vivia, ser estéril era algo vergonhoso, e visto como um sinal do castigo divino. Então, além da esterilidade, ela também tinha de suportar todas as dificuldades acarretadas por esta condição.

Quantas vezes Ana não deve ter perguntado a Deus o porquê das coisas serem dessa forma? Por quanto tempo ela não teve de suportar as perguntas sem resposta? Como escreveu Elisabeth Elliot em Passion & Purity, sobre o tempo da espera em Deus:

"Eu sei que esperar em Deus requer a disposição de suportar a incerteza, de carregar dentro de si mesmo a pergunta sem resposta, levando o coração a Deus sobre isso sempre que ela invade os pensamentos. É fácil se convencer de uma decisão que não tem permanência - mais fácil, por vezes, do que esperar pacientemente."

Ana precisava suportar a incerteza de ter sua petição ser atendida ou não, de ter seus pensamentos povoados por perguntas que ela não sabia quando seriam respondidas, precisava lutar contra a inconstância e preservar a fé. Deus podia responder negativamente a sua oração, porque Ele se comprometeu em atender apenas aquilo que estiver de acordo com Sua vontade. E é nisso que está o “segredo” em Ana ter alcançado o que pediu – Estava dentro dos planos de Deus o nascimento daquele menino. Ana pediu aquilo que Deus já havia determinado que faria e que lhe concederia através de suas constantes e fervorosas orações.

Tudo que Deus nos dá, Ele quer que volte para Ele em louvor e glória. Deus queria atender Ana, como o fez. Mas antes, ela precisava entender que o que estava sendo dado a ela, era - na verdade - de Deus. Ana só ofereceu seu filho a Deus, por causa do que teve de suportar, se ela não fosse estéril e tivesse vários filhos, dificilmente ela teria entregado algum de seus filhos para Deus, como entregou Samuel.

O que você está pedindo a Deus é para devolver a Ele em serviço, louvor e gratidão, como Ana fez, ou apenas para satisfazer seus desejos egoístas? Por que você deseja um casamento? Um filho? Um emprego público? Conhecimento? Dinheiro? Saúde? Pense no que você tem pedido insistentemente a Deus, por que você pede essas e outras coisas a Deus? Qual a sua motivação última ao desejar que Deus te dê essas e outras coisas? Thiago diz em sua carta, que quando pedimos algo e Deus não nos concede, é porque pedimos para nosso bel prazer, desconsiderando Deus:

“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.” (Tg. 4.3)

Se os nossos pedidos são para fins egoístas e não para colocar à disposição de Deus e Seu Reino, para Seu louvor e exaltação, essas coisas não serão bênçãos em nossas vidas, mas meios de pecados, como a idolatria, por exemplo. Portanto, avalie suas motivações e certifique-se de que o que tens buscado tem como alvo, no final de tudo, o engrandecimento e adoração a Deus, e, então, vá a Deus e chore, derrame sua alma e peça o seu “Samuel”. Mas não esqueça, quando Ele lhe conceder, isso deve voltar para Ele em forma de louvor, pois essa é a finalidade de nossas vidas, e tudo o mais que o Senhor nos agraciar.


Sonaly Soares

7 comentários:

  1. Que texto maravilhoso e esclarecedor. Deus abençoe e continue usando quem escreveu.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Amém, Juliana!

      Obrigada pelas palavras, que o Senhor também te abençoe.

      Abraço!

      Excluir
  2. Respostas
    1. Amém, Roberto!

      Sempre mais maravilhoso do que imaginamos. Que Ele te abençoe!

      Excluir
  3. Falarei no programa de rádio sobre criação de filhos: seus filhos é seu ou de Deus? E será com base no texto de Ana, vou ler com calma o do blog.

    ResponderExcluir

Tecnologia do Blogger.