Série: Perguntas nos Salmos: Que é o homem?


“Que é o homem, que dele te lembres, e o filho do homem, que o visites?” (Sl 8:4)
No Salmo 8 somos levados a apreciar um pouco da majestade e da benignidade de Deus. Davi começa exaltando o Seu nome, dizendo:

“Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra! Puseste a tua glória sobre os céus.” (V.1)

O nome de Deus não é apenas engrandecido nos céus, mas também da boca dos pequeninos (V.2), deles, Deus suscita força para calar os ímpios. Sobre isso, Calvino¹ diz:

“Deus, a fim de ordenar sua providência, não carece da poderosa eloquência dos retóricos, nem mesmo da linguagem distinta e metódica, porque a linguagem infantil, mesmo quando não bem expressa, é bastante ágil e eloqüente para celebrá-la [...] Deus não carece de poderosas forças militares para destruir os ímpios; em lugar delas, as bocas infantis são suficientes para o seu propósito.”

Ao contemplar os céus que são obra do Senhor, a lua e as estrelas que foram firmadas por Ele, Davi pergunta a si mesmo: Que é o homem mortal para que tenha consideração divina? (Vs.3-4). Deus é um Ser glorioso em Si mesmo, e exaltado desde os céus. A Sua grandeza é imensurável, Sua sabedoria, incontestável, e tudo o que existe deve a Ele a sua existência. Quem, pois, seriam os seres humanos, frágeis criaturas, para que retivessem algum favor Dele?

Contudo, Davi continua dizendo que Deus os fez coroados de glória e de honra (V. 5)! Foi aos homens que Ele deu o domínio sobre as coisas criadas, para que dominassem sobre “todos os rebanhos e manadas, e até os animais selvagens, as aves do céu, os peixes do mar e tudo o que percorre as veredas dos mares.” (Vs. 6-8).

Então, Davi passa da transcendência de Deus para a Sua imanência, pois mesmo Ele sendo um Ser majestoso, Ele é benigno, e interage com as suas criaturas.

“O fato de Deus pensar nos homens é algo por demais maravilhoso; e disso os lembra continuamente.”¹

Somos alvo da consideração divina, e isso é algo maravilhoso, é um privilégio! Podemos ter a convicção de que um Deus tão grande se importa com seres tão pequeninos e limitados como nós, e que nos ama.

“Ele não está longe de cada um de nós.” (At 17:27)

Era inconcebível na mente dos epicureus que um ser tão grandioso como Deus intervisse nas relações humanas, então, os deuses eram vistos como distantes dos homens. Paulo tendo conhecimento disso, diz que o Senhor não está longe, antes, pode ser encontrado por aqueles que O buscam.

Ele está perto de cada um de nós! Podemos encontrá-Lo quando O buscamos, pois Ele se mostra acessível, em Sua graça, por meio do seu amado filho Jesus.

Todos os dias provamos da bondade e da misericórdia do Senhor (Sl 23:6). Dele temos não apenas a consideração, mas a provisão, o cuidado, o sustento, a comunhão, enfim, estamos abastados! Ele nos dá, acima que qualquer outra coisa, Dele mesmo, e como John Piper afirmou:

“Deus é o Único no universo cujo maior presente que pode dar é Ele mesmo.”

Podemos olhar para os céus e saber que somos amadas, não por um mero homem semelhante a nós, mas por um Ser grandioso, que é revestido de glória e poder. Somos especiais porque fomos criadas à Sua própria imagem, e porque Ele escolheu nos amar, quando em nós não havia nada digno, mas somente o que era indigno.

O salmo termina semelhantemente como começou: 

“Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!” (V.9) 

Que nos juntemos a Davi, que louvemos ao Senhor, meditando em seus atributos e nos extasiando diante do Seu ser. Tamanha é a Sua benignidade e amor, somos estimadas pelo Supremo Rei, que louvemos ao Senhor!


Thayse Fernandes
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¹ CALVINO, João. O LIVRO DOS SALMOS. Vol 1. São Paulo: Paracletos, 1999. 

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