A impureza dói


Todos nós, cristãos, passamos por situações que comprometem de alguma forma a nossa pureza, as quais precisamos resistir fortemente a fim de agradarmos a Deus. Nos encontramos diariamente em um campo de batalha, contra um sistema que é hostil aos princípios divinos, e contra as forças espirituais do mal; porém, a maior guerra que enfrentamos todos os dias se encontra travada em nosso interior, onde os olhos humanos não veem, mas que faz parte de uma realidade que é real, constante e inevitável. Esta guerra é contra todos os nossos pensamentos e desejos impuros que desonram ao nosso Deus, contra tudo o que é oriundo de nossa natureza humana caída, que conduz nossos passos a caminhos que estão em desconformidade com o que o Senhor é com o que deseja para as nossas vidas, como filhas amadas redimidas para a glória do Seu louvor.

Somos tendenciosas a estarmos engodadas com a impureza, e ela nos parece ser tão atraente, pois nos vem com seus melhores trajes a fim de a desejarmos, nos oferecendo aquilo que tanto carecemos, que é satisfação e felicidade. Ninguém que seja atraído pela impureza pode negar que também seja atraído pela autossatisfação. É isso o que o pecado nos promete, não importando a priori os meios para algo, desde que obtamos prazer. Sabemos que essa é uma promessa ilusória, pois o prazer proporcionado pelo pecado dura só um momento, contudo, ainda assim, nos deparamos ininterruptamente lutando contra ele.

O povo de Israel estava sempre sendo tentado a ser atraído pela sua cobiça, se esquecendo dos feitos e das promessas do Senhor e seguindo os caminhos de seu próprio coração. O Salmo 106 descreve um pouco dessa situação, contrastando o pecado de Israel e a misericórdia do Senhor, seja em os livrar ou em os castigar.

“Cedo, porém, se esqueceram das suas obras, e não esperaram o seu conselho. Deixaram-se levar da cobiça no deserto; tentaram a Deus no ermo. De sorte que lhes satisfez o desejo, mas fez definhar as suas almas.” (Sl 106:13-15)

O Salmista reconhece que não somos diferentes deles:

“Nós pecamos, como os nossos pais; cometemos iniqüidade, andamos perversamente.” (Sl 106:6)

Nisto reside a nossa dor: Pecamos contra o Senhor Deus! Não importa o quão aprazível a impureza nos seja, ela sempre nos levará a transgredirmos contra Aquele que é tudo para nós, e isto nos gera dor. A impureza nos leva verdadeiramente a definharmos em nossas almas. Ao atentarmos para a beleza do Senhor revelada em Sua Palavra somos encantadas com a perfeição que Nele reside, e ao considerarmos o Seu amor e graça nos demonstrado, nos constrangemos sobremaneira. Ao pecarmos, estamos nos rebelando contra esse Ser, de quem temos a vida e todas as coisas, contra o Amado das nossas almas. Como escreveu Richard Baxter¹:

“Considere e conheça o maravilhoso amor e a misericórdia de Deus, e pense no que ele tem feito por você e você odiará o pecado, e terá vergonha dele. É um agravamento do pecado até mesmo para a razão comum e a ingenuidade, que devemos ofender um Deus de infinita bondade que encheu nossas vidas de misericórdia. Você será afligido se você tem injustiçado um extraordinário amigo; seu amor e sua bondade virão aos seus pensamentos e você sentirá raiva de sua própria maldade. De um lado veja a grande lista das misericórdias de Deus pra você, para sua alma e seu corpo.”

A impureza dói porque fere a santidade de Deus, e redireciona a glória que devia ser dada a Ele que é supremamente digno, para algo que é de infinitamente menor dignidade. Incontáveis homens e mulheres que amam a Deus se encontram espalhados por este mundo, e se deparam continuamente com o pecado batendo em suas portas. Eles se humilham por causa de suas impurezas, e se condoem por não fazerem tudo o que Deus deseja, e por não serem o que Ele prescreve. Em contrição se encontram, e em arrependimento suplicam ao Senhor por graça em meio às suas impurezas.

“Oh! Que Deus me humilhasse ao pó, perante Ele! Mereço o inferno a cada dia, por não amar mais ao meu Senhor, o qual, como creio, ‘me amou e a si mesmo se entregou por mim’ (Gálatas 2.20) [...] Oh! Se algum dia eu chegar ao céu, assim será porque agrada a Deus e nada mais; pois de mim mesmo nunca fiz qualquer coisa, senão afastar-me dEle!”²

O pecado nos gera culpa e nos traz pesar espiritual. Ele nos priva dos verdadeiros deleites que se encontram na doçura do ser de Deus, e quando nos distancia Dele, nos distancia da nossa felicidade, visto que somente o Criador é a felicidade das suas criaturas. Logo, aquilo que nos promete felicidade só nos distancia dela. E desastrosas são as consequências que ele nos traz! Muita dor pode vir sobre as nossas vidas por darmos ouvidos às sutilezas do pecado, e por cairmos em suas armadilhas ardis.

Em Sua graça, Deus nos concedeu todas as diretrizes que precisamos observar para que possamos viver uma vida que O glorifica, e que vale a pena. Elas se encontram em Sua Palavra. Os mandamentos do Senhor não são para o nosso mal, mas pelo contrário, são vida para a nossa alma (Pv 3:22, 7:2), e é por nos amar que Ele nos ensina como viver a vida, nos guardando do mal, nos tornando sábios, e nos fazendo de fato, felizes.

Sempre que nos desviarmos dos ensinos da Palavra do Senhor, nos arrependeremos, e precisaremos de perdão. Sendo assim, não é sensato cometer algo que já sabemos que mais na frente nos arrependeremos de ter feito. Porém, se conduzirmos as nossas vidas conforme os preceitos do Senhor, nunca, jamais, nos arrependeremos.

Jonathan Edwards³, em duas de suas resoluções, diz o seguinte:

“Resolvi jamais fazer alguma coisa que eu não faria, se soubesse que estava vivendo a última hora da minha vida.”

“Resolvi viver de tal forma como se estivesse sempre vivendo o meu último suspiro.”

Se soubéssemos que estaríamos perto do nosso último suspiro, fugiríamos da impureza. Entenderíamos que o prazer imediato que ela nos dá não seria capaz de suplantar a dor que nos viria por a acatar. Há um preço para a impureza. Há um preço para o pecado. E esse preço envolve dor. Fujamos da impureza, agrademos ao Senhor, pois é somente nisto que seremos satisfeitos, ao lado da nossa felicidade.


Thayse Fernandes
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¹ Richard bater – Orientações para odiar o pecado.
² Jonathan Edwards – A vida de David Brainerd.
³ Resoluções de Jonathan Edwards (1722-1723). Fonte: monergismo.com

8 comentários:

  1. Que benção de texto, era exatamente o que eu precisava ler!!

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  2. Ótimo texto,era disso que eu tava precisando obrigado 😘

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  3. Como isso é uma luta constante,todos os dias precisamos nos encher da sua palavra porque somos tão fracos oh Deus!

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    1. Deus se compraz em ajudar pessoas que sejam fracas o suficiente para dependerem totalmente Dele. Que Ele assim anos ajude, Catiane, apesar dos tempos difíceis que vivemos.

      Que Ele te abençoe!

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