Série: A gloriosa doutrina da justificação – A necessidade
“Graça maravilhosa! Como é doce o som
Que salvou um miserável como eu!
Eu estava perdido, mas agora fui
encontrado
Era cego, mas agora vejo [...]”
(Graça Maravilhosa – John Newton)
O tão famoso
hino Graça Maravilhosa, no original Amazing Grace, de
John Newton possui cerca de dois séculos de existência, porém, continua
reverberando no coração daqueles que o leem ou o ouvem até hoje, pela
profundidade de suas palavras, e pela vida de seu compositor. John Newton
nasceu em 1725, em Londres, e antes de ser cristão, vivia uma vida devassa e
blasfema, sendo popularmente conhecido dessa maneira. A sua história é muito
conhecida pela transformação que Deus operara nele: de um traficante de
escravos blasfemo a um pregador piedoso, e ainda mais tarde, um abolicionista.
Porém, além de mercador de escravos, Newton também foi um escravo, e passou por
um processo precário, com um senhor bastante rude e cruel, durante quinze meses
na África. Ao relatar sobre este período, ele usa estas palavras: “Eu me
tornei, de fato, embora não nominalmente, um cativo e um escravo, fiquei
deprimido até o mais baixo grau da miséria humana.”¹ Sobre isso, John MacArthur
afirma:
“O testemunho singular de Newton lhe deu um senso de apreço pela misericórdia resgatadora de Deus em sua vida. Suas experiências passadas o ajudaram a entender o que, de fato, significava ser um escravo do pecado – ser oprimido sem misericórdia e explorado por um mestre perverso [...] Ele retratava a si mesmo, em sua condição de perdido, como o ‘escravo voluntário de todo mal’ e como ‘um escravo cego de satanás’, o qual, se Cristo não houvesse resgatado, ‘ainda estaria cativo’.”¹
Portanto, Newton
pôde apreciar a graça divina de uma forma mais fulgurante por causa de suas
experiências, e pôde escrever de uma maneira mais profunda sobre o que
significa ser um escravo do pecado.
É isso o que éramos
à parte da graça de Deus: escravos do pecado e cativos de nossos próprios
desejos, deste mundo, e de Satanás! O apóstolo Paulo escrevendo aos efésios
disse:
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nas vossas transgressões e pecados, nos quais andastes no passado, no caminho deste mundo, segundo o príncipe do poderio do ar, do espírito que agora age nos filhos da desobediência, entre os quais todos nós também andávamos, seguindo os desejos carnais, fazendo a vontade da carne e da mente; e éramos por natureza filhos da ira, assim como os demais”. (Ef 2:1-3)
Estávamos mortos,
destituídos de vida espiritual, e andávamos segundo o caminho dos nossos
próprios desejos carnais, cumprindo a vontade do príncipe deste mundo, sendo
naturalmente, filhos da ira de Deus. À vista Dele não havia nenhum justo, pois
todos se desviaram dos Seus caminhos.
“Não há justo, nem um sequer. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se desviaram.” (Rm 3:10-12)
Somente nos
apartamos do maior bem que um dia já recebemos: Deus. Esse é o caminho pelo
qual andávamos todas, queridas irmãs, longe Dele, e distantes da Sua perfeita
vontade. A necessidade da justificação surge a partir da funesta insuficiência
do homem em relação ao Senhor.
A Justificação é um
termo forense, e alude que Deus optou por nos declarar justos à Sua vista,
porque Alguém (Jesus) decidiu pagar a nossa pena. Jesus Cristo se ofereceu
diante de Seu Pai como o nosso substituto, preferindo carregar a nossa culpa a
fim de podermos ser perdoados por Deus, e aceitos por Ele. Em nós não havia
nenhum mérito ou condição de compensação pelo nossa maldade, porém, Deus tratou
o seu filho como culpado, para que fôssemos tratados como justos. Ele nos
recebe como filhos amados, não pelas nossas obras, não por nossa dignidade, mas
pelas obras e pela dignidade de outrem: Jesus Cristo. A Sua justiça nos é
imputada, sendo creditada em nossa conta, e assim as suas obras repousam sobre
nós, e ao nos contemplar, Deus vê o seu Filho. Portanto, o Senhor nos declara
justos, somente em Cristo Jesus. Como bem disse Paul Washer²:
“Só podes ser abençoado em alguma coisa, porque ele morreu amaldiçoado em tudo.”
E dessa forma,
podemos concluir com Paulo:
“Quem intentará
acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os
condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está
à direita de Deus e também intercede por nós.” (Rm 8:33-34)
Se o próprio Senhor
nos declara justos perante o seu trono, quem poderá nos trazer acusação?
Ninguém mais poderá nos condenar, pois Alguém morreu e ressuscitou em prol de
nossas almas, e intercede em nosso favor!
A graça de Deus é
maravilhosa porque nunca fizemos nada para merecê-la, mas pelo contrário,
somente nos afastamos de qualquer dignidade dela. Através de Jesus Cristo
recebemos a bênção da Justificação, de forma que tudo o que conhecemos é graça.
Como diz um trecho de uma das versões da tradução da letra “All havei s
Christ”, de Sovereign Grace:
“Você olhou para o meu estado
lastimável
E me levou a cruz
E eu descobri o amor de Deus revelado
Você sofreu em meu lugar
Você suportou a ira reservada para mim
Agora tudo que eu conheço é graça.”
O correto
entendimento da graça de Deus deve nos levar ao lugar da adoração, nos esvaindo
de todo orgulho humano e tributando toda a glória a Ele. Se não fosse o Seu
amor, e se não fosse a Sua graça, estaríamos perdidas em nós mesmos. Mas,
glórias a Deus por Jesus Cristo, e a Ele, somente a Ele todo o mérito da
Justificação.
Thayse Fernandes
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¹ MACARTHUR, John.
Escravo: A verdade escondida sobre nossa identidade em Cristo. São José dos
Campos: Fiel, 2012.
² Pregação: Jesus
Cristo Justo e Justificador.
Muito obrigada pelo texto. A graça de Deus é maravilhosa. Irmãs, é preciso pregar a verdade pois muitos têm vivido sobre escravidão de ideologias humanas mesmo sendo cristãos
ResponderExcluirAgradecemos pelas palavras, Iloida. Que o Senhor continue nos dando de Sua graça para perseverarmos em Sua Palavra, ainda que diante dos desafios que possam vir. Que Ele te abençoe!
ExcluirAbraço
Que texto excelente!!. Soli Deo Gloria!
ResponderExcluirAmém!
ExcluirDeus te abençoe!