A Alegria genuína


O que significa a verdadeira alegria? Como podemos nos alegrar diante de tantas coisas ruins que nos acontecem? Será possível viver alegre em todo o tempo? Pode ser que em algum momento você tenha parado para pensar em questionamentos desse tipo, talvez tenha obtido resposta, ou não. Imagine que você esteja em uma situação não tão boa, mas escreve uma carta pedindo para que seus amigos se alegrem de verdade e se alegrem sempre, assim como você está alegre... Foi isso que o Apóstolo Paulo fez! Em sua carta aos Filipenses, ele escreve com o objetivo de agradecer a generosidade dos irmãos de Filipos por ter lhe enviado uma oferta através de Epafrodito, faz também um relato geral do que tem enfrentado, encoraja a igreja diante das perseguições, alerta contra os falsos ensinos e dissensões, exortando os cristãos a se alegrarem no Senhor em qualquer circunstância.

O contexto da escrita desta carta foi em uma das prisões de Paulo em Roma. Ainda assim, a palavra "alegria" (com sinônimos, verbos e substantivos) aparece várias vezes. No início ele demonstra seu amor para com o povo de Filipos, fala sobre a contribuição de suas prisões para a propagação do evangelho, agradece aos seus mensageiros e então no versículo 4 do último capítulo, lemos uma ordem que nos chama atenção:

“Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!” Fp 4.4

Encontramos nesta sentença o verbo no imperativo, o advérbio que indica a noção de tempo e uma repetição do verbo principal. Além disso, podemos ver claramente que a base desta alegria que Paulo está falando é Deus, pois ele enfatiza "no Senhor". Mesmo já tendo escrito várias vezes que estava alegre e que os cristãos deveriam se alegrar, ele repete no mesmo versículo a ordem: "alegrem -se!". A maneira que eles devem se alegrar não é mencionada, mas o tempo sim: SEMPRE! Não é quando Paulo for solto ou quando tudo estiver indo bem. Não é quando os falsos mestres forem embora ou quando todos estiverem fora de perigo, mas é sempre! A exortação feita aos Filipenses também se aplica a nós. Isso significa que não podemos nos entristecer? De forma nenhuma. É certo que os cristãos não só podem como muitas vezes se entristecem por diversos motivos, porém, apesar de tudo, temos um motivo maior para nos alegrar, que é o próprio Deus.

No final do livro de Habacuque (depois de tanto questionar a justiça de Deus), encontramos a seguinte declaração do profeta:

“Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” (Hc 3.17,18).

Rapidamente, entendemos neste versículo que a alegria daquele que depende de Deus não é abalada na escassez! Habacuque está dizendo que ainda que ele não tenha nada para se manter, ele se alegrará no Senhor. E mais: exultará, ou seja, terá grande alegria no Deus da sua salvação. Diante de tantos motivos para se entristecer, ele vê que tem um único motivo para se alegrar, um motivo maior que sobrepuja todos os outros. Hoje essa declaração poderia ser: Ainda que eu não tenha uma morada, nem mesmo dinheiro e sequer um amigo, mesmo que eu não tenha absolutamente nada, me alegrarei no Senhor! Mesmo que tudo nos seja tirado, o Deus que nos salvou está conosco! Será que conseguimos nos alegrar apenas sabendo disso? John Piper diz algo que vale a pena lembrar:

“A maior manifestação da glória de Deus vem de um profundo deleite em tudo o que Ele é. Isto significa que Deus recebe o louvor, e nós o prazer. Deus nos criou de tal forma que Ele é mais glorificado em nós, quando nos satisfazemos mais nEle”. ¹

A alegria genuína é deleitar-se em Deus. Só podemos nos alegrar verdadeiramente quando entendemos que Ele nos basta, a Sua graça nos basta. Alegrar-se de forma legítima é algo que acontece apenas quando percebemos que Cristo é suficiente em nossas vidas.

A verdade é que se a nossa alegria depender de situações específicas, seremos as mais inconstantes e desventuradas quando as circunstâncias mudarem. O homem tem um grande problema quando procura alegria em outro lugar que não seja a própria fonte. Podemos até encontrar uma satisfação momentânea, uma alegria efêmera, mas somente em Deus há plenitude de alegria (Sl 16.11). Em sua obra “O peso de glória”, C. S. Lewis descreveu bem isso:

“Somos criaturas sem entusiasmo, brincando feito bobos e inconsequentes com bebida, sexo e ambições, quando o que se nos oferece é a alegria infinita. Agimos como uma criança sem noção, que prefere continuar fazendo bolinhos de lama em um cortiço porque não consegue imaginar o que significa a dádiva de um fim de semana na praia. Muito facilmente, nós nos contentamos com pouco.” ²

Que declaração! Não sejamos bobas a ponto de buscar alegria em coisas que em nada nos satisfarão. Todos os prazeres que podemos obter longe de Deus apenas trarão um gosto ilusório de uma doce alegria, que será substituído pelo amargo sabor de um vazio que nunca será preenchido. Não se contente com pouco. Se não abandonarmos a lama, nunca pisaremos na praia. Ouçam a exortação de Paulo: Alegrem-se sempre no Senhor! Que a nossa alegria seja constante em Deus. Esta é a alegria genuína!


Juliany Correia
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¹ Em busca da alegria - John Piper. Fonte: monergismo.com
²LEWIS, C. S. O peso de glória. Tradução Lenita Ananias do Nascimento – São Paulo: Editora Vida, 2008. p. 30.  

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