Em busca de um viver santo


Quanto ao mais, irmãos, já os instruímos acerca de como viver a fim de agradar a Deus e, de fato, assim vocês estão procedendo. Agora lhes pedimos e exortamos no Senhor Jesus que cresçam nisso cada vez mais. (1 Tessalonicenses 4.1)

O início do capítulo 4 de 1Tessalonicenses nos mostra Paulo exortando a igreja de Tessalônica à santidade. Lemos nos capítulos anteriores que a fidelidade dos tessalonicenses era motivo de alegria para o apóstolo, assim, o primeiro versículo introduz uma série de conselhos e ao mesmo tempo expõe o reconhecimento de que estes conselhos já estavam sendo seguidos.

Por isso, o discurso de Paulo foca no aperfeiçoamento das práticas dos irmãos para quem escreveu. Claramente, vemos que as ordenanças não são meramente humanas e legalistas, mas provém e é a vontade do próprio Deus. Os versículos 3 a 7 tratam especificamente a respeito da imoralidade sexual, o povo de Deus não deve se corromper, pois fomos chamados para a santificação. Quem não segue esses conselhos, rejeita as ordens que vêm de Deus e colherá as consequências de tal rejeição. Em suma, Paulo se alegra e reconhece o procedimento da igreja de Tessalônica, mas reforça: se aperfeiçoem nisso! É algo contínuo e importante, pois sem santidade ninguém verá o Senhor (Hb 12.14).

A regeneração produz uma real mudança de vida que provém de uma mudança de mente (Rm 12.2), o que é notável através de frutos, de forma que viver deliberadamente no pecado já não nos diz respeito. O novo nascido não é mais dominado pelos ídolos pecaminosos fabricados pelo coração, pois Deus passa a ocupa-lo, sendo o centro de nossas vidas.

O novo nascimento é evidenciado através da santificação, a qual podemos entender como posicional (que se refere à posição do cristão como santo e separado do mundo por Deus e para Deus) e processual (que se refere ao processo de santificação contínua, progressiva). Em linhas gerais, a santificação posicional é o que Deus fez em Cristo nos separando para ele, e a santificação processual é o que nós fazemos no sentido de amadurecimento espiritual, procurando nos portar de forma condizente com nossa posição.

Sabemos que Deus deseja que sejamos semelhantes a Jesus, em Romanos 8.28 e 29 vemos que Ele nos predestinou para sermos a imagem de seu Filho e age para que todas as coisas cooperem para este fim. Em 2 Co 3.18 lemos que Deus está nos transformando de glória em glória, progressivamente, para que sejamos como Jesus, isto implica em agir como ele agiu, servir como ele serviu e viver como ele viveu. Também podemos ter esperança de que a realidade futura é certa: seremos como Cristo! Por causa de seu sacrifício e intervenção viveremos para sempre com Ele.

Considerando que nosso padrão perfeito é Cristo, devemos seguir seu exemplo e andar em seus passos. Muitas vezes, seguimos apenas um padrão legalista baseado em regras, mas Cristo exige muito mais de nós: todo o nosso ser. Sendo assim, é preciso imitá-lo e tornar nosso discurso coerente com a nossa conduta. Seguir a Jesus é algo que não nos custa nada e, ao mesmo tempo, nos custa tudo. Não nos custa porque somente pela graça somos salvos, Jesus nos dá o dom gratuito da vida eterna, não há mérito nenhum nosso. Por outro lado, é necessário abrir mão da própria vida para segui-lo, negar-se a si mesmo e tomar a cruz dia após dia (Lc 9.23). Tomar a cruz não diz respeito simplesmente ao sofrimento, mas à morte, ou seja, é necessário morrer para a nossa natureza caída todos os dias. Quem quiser ganhar a vida, irá perdê-la.

Talvez pareça algo inalcançável tornar-se como Cristo, seguir seu exemplo inerrante. De fato, não podemos fazer nada sem a ajuda do próprio Deus através do Espírito Santo; nos enchendo do seu Espírito Santo, Deus torna possível a nossa busca por semelhança com Cristo.

Não há nada mais claro que as palavras de Jesus sobre o que é preciso para segui-lo. Ainda podemos lembrar de uma frase conhecida de Jonathan Edwards, que diz: “Tudo o que dizemos será inútil, se não for confirmado pelo que fazemos.”, Moody também afirmou que:

“De cem homens, um lerá a Bíblia; 99 lerão o cristão”.  

Nossas atitudes falarão mais alto que nossas palavras, os discípulos foram chamados de cristãos pela primeira vez em Antioquia, onde ensinavam, sendo cheios do Espírito Santo e de fé. Da mesma forma, para sermos reconhecidos como cristãos, obviamente, é necessário sermos como Jesus. David Otis faz um questionamento que incomoda várias pessoas, mas que vale a pena refletir:

"Se você fosse preso por ser cristão, haveria provas suficientes para condená-lo?"

Temos a grande alegria e responsabilidade de viver e proclamar o evangelho, não só com palavras, mas com nosso procedimento, sendo exemplo para os outros. Assim, por mais que estejamos bem espiritualmente e buscando agradar a Deus, sigamos o conselho do apóstolo Paulo aos tessalonicenses e cresçamos cada vez mais nisso, pois, como afirmou J.C. Ryle, “os melhores dentre os homens não passam de homens, e a qualquer momento podem cair em tentação” ¹. Não confie em si mesmo, mas confie em Cristo. Seja dependente do Senhor e busque agradá-lo. Busque um viver santo não se apoiando em suas próprias forças, mas voltando-se para Jesus todos os dias.


Juliany Correia
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¹ RYLE, J. C. Meditações no Evangelho de Mateus. Fiel Editora: 2014, pag. 125.

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