Alimentadas por entretenimento
Dificilmente em alguma outra época da história houve tantas
opções de divertimentos como na nossa. O entretenimento tem ocupado lugar
central na vida das pessoas e a facilidade para se entreter cresce
absurdamente. Há um apelo em toda a cultura para nos entregarmos aos prazeres oferecidos
por inúmeros passatempos que prometem acabar com o nosso tédio. O que poucos
percebem é que é exatamente a saturação em entretenimentos que tem nos causado
tanto tédio e enfraquecido o poder da nossa vida espiritual. O pastor Josemar
Bessa escreveu em seu perfil no Facebook:
"O tédio em nossa cultura não vem do cansaço, da dor, do sofrimento… mas do cansaço e insignificância dos prazeres fúteis que a dominam."
Um entretenimento saudável, isto é, que não ofereça prazer
pecaminoso, não é mau em si, e nenhum cristão deveria demonizá-lo, mas
incentivar o uso equilibrado e sensato dessas recreações visando glorificar a
Deus. O pastor e escritor A. W. Tozer, quanto a isso, escreveu:
“Ninguém que seja dotado de sentimentos humanos normais fará objeção aos prazeres simples da vida, nem às formas inofensivas de entretenimento que podem ajudar a relaxar os nervos e revigorar a mente exausta de fadiga. Essas coisas, se usadas com discrição, podem ser uma bênção ao longo do caminho. Isso é uma coisa. A exagerada dedicação ao entretenimento como atividade da maior importância para a qual e pela qual os homens vivem, é definitivamente outra coisa, muito diferente. O abuso numa coisa inofensiva é a essência do pecado...”[1]
Logo, é o uso desordenado do entretenimento que nos tem sido
bastante prejudicial, especialmente, como fuga da nossa realidade. Todos temos
problemas para lidar, mas muitos têm buscado refúgio mergulhando em séries,
redes sociais e jogos, por exemplo, para aliviar seus aborrecimentos e frustrações,
assim, tentam esquecer seus problemas mitigando a preocupação que eles trazem.
O pastor Tozer é cirúrgico ao tratar disso:
“...há milhões que não podem viver sem diversão. A vida para eles é simplesmente intolerável. Buscam ansiosos o bendito alívio dado por entretenimentos profissionais e outras formas de narcóticos psicológicos como um viciado em drogas busca a sua injeção diária de heroína. Sem estas coisas eles não poderiam reunir coragem para encarar a existência.”[1]
As muitas horas fixadas em passatempos tem entorpecido e
enfraquecido nossa vida espiritual. Tozer continua:
“O incremento do aspecto das diversões da vida humana em tão fantásticas proporções é um mau presságio, uma ameaça às almas dos homens modernos, Estruturou-se, chegando a constituir um empreendimento comercial multimilionário com maior poder sobre as mentes humanas e sobre o caráter humano do que qualquer outra influência educacional na terra. E o que é ominoso é que o seu poder é quase exclusivamente mau, deteriorando a vida interior, expelindo os pensamentos de alcance eterno que encheriam a alma dos homens, se tão somente fossem dignos de abrigá-los. E a coisa toda desenvolveu-se dando numa verdadeira religião que retém os seus devotos com estranho fascínio, e, incidentalmente, uma religião contra a qual agora é perigoso falar.”[1]
O desejo desordenado por entretenimento afeta não apenas
nossa vida particular, mas também a realidade da igreja. Muitas igrejas têm
abandonado a centralidade da pregação da Palavra de Deus e substituído por
divertimentos, visto que as pessoas tendem a considerar uma chatice a liturgia
do culto conforme seus elementos primários, que desde o princípio orientam a
adoração pública do povo de Deus com respaldo bíblico.
Algo inofensivo pode se tornar perigoso para nossas almas se
não for administrado com sabedoria. Se o uso que fazemos do entretenimento tem
sido uma forma de desviar nossa atenção das nossas responsabilidades, se tem
adormecido a voz da nossa consciência e nos levado a desperdiçar o tempo que
deveria ser empregado em devoção particular a Deus, chegou o momento de
avaliarmos nossa conduta e inspecionarmos nosso coração à luz das Escrituras. A
palavra de Deus nos orienta a não nos deixarmos
dominar por nada, mas a termos autocontrole sobre nossos desejos.
Sonaly Soares
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[1]A. W. Tozer. “A raiz dos justos”- Mundo
Cristão.
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