Comunhão perseverante

11:20

Nos últimos meses, tenho visto alguns conteúdos e conversado sobre relacionamentos na igreja, mas este assunto paira nos meus pensamentos há um tempo. Já temos alguns textos no blog que conversam com esta temática, mas o que quero compartilhar hoje tem mais um tom de “desabafo esperançoso”.

Em muitos momentos, ao ler Atos 2:42-47, eu quis me imaginar como integrante da igreja primitiva. Assim como outros aspectos, temos muito o que aprender com os primeiros cristãos sobre unidade, visto que mesmo em contextos diferentes, o princípio de comunhão cristã permanece bom e suave.

Servir a Deus em comunidade é uma benção que frequentemente temos desprezado. Quando falo em servir em comunidade não me refiro apenas aos momentos em que nos reunimos no domingo, embora sejam muito importantes, é preciso considerar além disso.

É comum observarmos diferentes formas e níveis de divisões que perpassam a igreja de Cristo, seja no âmbito interdenominacional ou mesmo dentro de uma congregação específica. Em todos os casos, há sempre uma preocupação maior com a esfera individual, queremos tanto preservar a nossa individualidade ou obter um certo tipo de “destaque pessoal”, que esquecemos que fazemos parte de um corpo.

Além disso, as rotinas pesadas e agendas cheias - às vezes justificativas honestas – acabam se tornando uma desculpa quando se trata de reunir-se como igreja. Isso é perceptível não apenas nos cultos vazios durante a semana, mas também nas relações superficiais que construímos com nossos irmãos.

É possível que não se esteja buscando diretamente o isolamento, mas apenas descanso ou algo equivalente. Porém, quando abrimos mão dos momentos em que podemos orar com e por nossos irmãos, quando deixamos de partilhar tantas coisas e quando não nos importamos em servir juntos, é exatamente isso que encontramos. Ignorar a vida em comunidade é insensatez, é preocupar-se apenas consigo, conforme lemos em Provérbios 18.1:

Busca satisfazer seu próprio desejo aquele que se isola; ele se insurge contra toda sabedoria.

Constantemente, nos encontramos distantes uns dos outros – como exilados no meio da multidão – mesmo tendo um tesouro em comum, mas quando Cristo é o centro dos nossos relacionamentos, entendemos que podemos glorificá-lo através deles.

Pergunte a si mesma: Quando foi a última vez que eu orei com meus irmãos? Quando foi a última vez que eu me importei com pessoas tão próximas a mim? Quando foi a última vez que eu me senti acolhida ao compartilhar minhas vulnerabilidades? Quando foi a última vez que as pessoas puderam contar comigo? Quando foi a última vez que eu pude sorrir, chorar e servir junto às pessoas do meu convívio? Quando foi a última vez que nos reunimos para uma refeição?

Outras perguntas caberiam aqui e não importa quais tenham sido suas respostas e o motivo para cada uma. Importa que você tenha uma melhor compreensão de que não foi criada para viver isoladamente, e a partir desta compreensão possa vivenciar momentos de verdadeira comunhão, construindo relacionamentos que agradem ao Senhor. Precisamos desfrutar de uma comunhão perseverante, isto é, uma comunhão que não se limita apenas aos cultos que frequentamos, mas que se reverbera em nossas ações e relacionamentos.

O Deus trino nos chama a viver em comunidade. Aquele que disse “façamos” quer que aprendamos a utilizar mais a primeira pessoa do plural. Não tenha medo de gastar tempo com pessoas, não ignore a importância da comunhão cristã, busque profundidade nos relacionamentos e esteja disposta a servir em comunidade. Relações reais são imperfeitas, mas, desde o início, Deus viu que a solidão não era algo bom.  
Retorno o olhar para a igreja primitiva, desejando que o “perseverar na comunhão” também seja buscado pela igreja de Cristo hoje. Que nossos relacionamentos sejam aperfeiçoados a cada dia, para que através deles possamos vislumbrar a glória futura de estarmos juntos – como povo único e diverso - na presença do nosso Rei eternamente.


Juliany Correia

2 comentários:

Tecnologia do Blogger.