Cristão, você precisa do Evangelho!


Por alguma razão, muitos de nós começamos a acreditar que o Evangelho é algo que apenas aqueles que não são convertidos precisam, mas para nós que já estamos salvos, se tornou dispensável. Isso é bastante preocupante porque os não-cristãos, de fato, precisam do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo para entrarem na família de Deus e ser parte do Seu povo, mas nós que já somos cristãos também precisamos para vivermos como verdadeiros cristãos.

Paulo escreveu aos gálatas para, entre outras coisas, explicar-lhes o Evangelho. Mas por que razão ele viu a necessidade de explicar o evangelho para cristãos professos? Porque cristãos precisam do Evangelho para viver a vida cristã. Os gálatas foram salvos através do Evangelho, mas devido ao ensino de falsos mestres, estavam tentando viver a vida cristã sem o Evangelho.

Tim Keller escreveu:

“...o Evangelho é o abecedário da vida cristã. Ele não é apenas a maneira pela qual se entra no reino; é a maneira pela qual se vive na condição de participante do reino”.1

Quando, de alguma forma, pensamos que o Evangelho é útil para a conversão, mas dispensável para a vida da igreja, nós substituímos os princípios de vida e piedade contidos nele por invenções de nossa própria mente. Se não é o Evangelho que orienta como devemos viver nesse mundo para Deus, então qualquer outra fonte o fará. A saúde espiritual de uma igreja depende do ensino permanente e consistente do Evangelho. Ele é insubstituível!

O Evangelho conforme ensinado por Nosso Senhor e Seus apóstolos é tão importante que ninguém, mas absolutamente ninguém pode revisá-lo ou modificá-lo, nem mesmo um apóstolo ou um anjo, pois o próprio apóstolo Paulo escreveu aos gálatas:

“...ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregue um evangelho diferente do que já vos pregamos, seja maldito.” (Gl. 1.8)

Isso demonstra o caráter imutável do Evangelho e o quanto devemos zelar por sua pureza rejeitando qualquer modificação, pois “mudar o evangelho no mínimo que seja significa perdê-lo tão completamente que o novo ensinamento não tem o direito de ser chamado de “evangelho”1, foi o que Paulo disse sobre o que os judaizantes estavam ensinando nas igrejas da Galácia:

“Estou admirado de que estejais vos desviando tão depressa daquele que vos chamou pela graça de Cristo para outro evangelho, que de fato não é outro evangelho, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo.” (Gl. 1.7)

Toda e qualquer alteração do Evangelho é na verdade uma perversão que nós devemos repudiar, pois um coração realmente regenerado está satisfeito com o valioso Evangelho do Senhor. Entretanto, aqueles que ainda não passaram pela transformação radical que somente o Evangelho pode trazer, buscam novidades para suportar o tédio que é a vida nesse mundo caído. Dessa forma, seguem mestres que lhes ofereçam um discurso inovador, embora, na maioria das vezes, sejam apenas velhos e errados ensinos com novas roupagens, mas que são confortáveis o suficiente para preferirem ficar dormentes e evitar a confrontação do verdadeiro Evangelho.

Em um dos seus livros, o missionário americano Paul Washer apontou esse grave erro da nossa geração:

“Um dos maiores crimes cometidos pela presente geração cristã é sua negligência para com o evangelho, e uma negligência tal, que todas as nossas mazelas surgem. O mundo perdido não é tão endurecido para com o evangelho quanto é ignorante dele porque muitos daqueles que o proclamam também são ignorantes quanto às suas verdades mais básicas. Os temas essenciais que compõe o núcleo do evangelho... estão ausentes de muitos púlpitos.”2

Negligenciar o Evangelho sempre redundará em prejuízos para todos, sejam temporários ou eternos, pois o Evangelho “é a mensagem de nossa salvação, o meio do nosso progresso rumo à santificação e a limpa fonte de onde flui toda pura e correta motivação para a vida cristã. Ao crente que compreendeu algo do seu conteúdo e caráter jamais faltará zelo ou ficará de tal forma empobrecido que busque suas forças em cisternas rotas, sem água e lavradas pela mão do homem.”2

Nós precisamos proclamar o Evangelho aqueles que estão perdidos, mas precisamos também conhecer o Evangelho e vivê-lo conforme a graça que nos é dada todos os dias. O Evangelho é caro demais para ser trocado por qualquer outro ensino ou caminho inventado por criaturas caídas. Sem o evangelho caímos no legalismo ou na licenciosidade, nos tornamos presas fáceis de falsos mestres com ensinos destrutivos. Tenha cuidado, não deixe que pessoas que não estão comprometidas com o Evangelho de Nosso Senhor tenham acesso ao seu coração para te influenciar e direcionar sua vida. Estude as Escrituras, seja membro de uma igreja que zele pela Palavra de Deus, tenha interesse em conhecer e prosseguir conhecendo o glorioso Evangelho porque:

“Um vislumbre do evangelho moverá o coração verdadeiramente regenerado a prosseguir. Cada maior vislumbre acelerará o ritmo até que a pessoa esteja correndo incansavelmente em direção ao prêmio. O coração verdadeiramente cristão não pode resistir a tal beleza. Essa é a grande necessidade do dia! É o que perdemos e precisamos recuperar – uma paixão por conhecer o evangelho e uma igual paixão por torná-lo conhecido.”2

Percebe como precisamos do Evangelho? Precisamos pregá-lo para os outros, mas também para nós mesmos todos os dias. O pastor Joe Thorn, explica como seria isso:

“Pregar o evangelho para nós mesmos é chamar a nós mesmos para nos voltarmos a Jesus por perdão, purificação, fortalecimento e propósito. É responder as dúvidas e medos com as promessas de Deus. Meus pecados me condenam? Jesus cobriu-os todos em seu sangue. Minhas obras são insuficientes? A justiça de Jesus é considerada como minha. O mundo, o diabo e minha própria carne estão conspirando contra mim? Nem mesmo um cabelo pode cair da minha cabeça se não for a vontade do meu Pai que está nos céus, e ele prometeu cuidar de mim e me guardar para sempre. Posso realmente negar a mim mesmo, carregar minha cruz e seguir a Jesus? Sim, porque Deus opera em mim o querer e o realizar segundo o seu próprio prazer. É a isso que se assemelha pregar para nós mesmos.”

E ainda:

“Essa pregação privada e pessoal só pode acontecer quando a Palavra de Deus é conhecida e crida; quando a lei de Deus revela nosso pecado e desamparo, e sua graça cobre esse pecado e supera as nossas fraquezas. Pregar o evangelho para nós mesmos não é simplesmente o ato de estudar a Bíblia (embora possamos pregar para nós mesmos nesse ato), mas é nos chamar ativamente a crer nas promessas de Deus em Jesus, seu Filho.”3

Precisamos urgentemente reaprender o Evangelho para podermos viver a vida que o Senhor nos deu de modo agradável a Ele, e somente assim resplandecermos como luminares no mundo (Fl. 2.15c).


Sonaly Soares
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Timothy Keller – Gálatas para você. Ed.: Vida Nova
Paul Washer – O poder do Evangelho e sua mensagem. Ed.: Fiel
Joe Thorn – Pregando o evangelho para si mesmo. Disponível no site Voltemos ao Evangelho, acessado em 16/02/2020: https://voltemosaoevangelho.com/blog/2017/05/pregando-o-evangelho-para-si-mesmo/

3 comentários:

  1. Que palavra abençoada e edificante para iniciar a semana!

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  2. Sinto-me feliz e edificada em Cristo quando leio os textos desse blog.
    Faz-me ter anseio em busca-Lo - a Sua Palavra - e viver uma vida em santidade! Agradeço pela dedicação em nos escrever, e pelo ato de nos exortar em amor. Sou nova por aqui, mas agradeço a Deus pelo privilégio de vivenciar momentos de leituras por esse meio. Deus as abençoe!

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  3. Sou nova por aqui! Agradeço a Deus pelo privilégio de vivenciar momentos de leituras por esse meio; pela oportunidade de conhecer o blog no momento preciso. Agradeço a vocês, servas e irmãs em Cristo, pela dedicação em nos escrever; pelo ato de nos exortar em amor. Louvado seja Deus por suas vidas! ❤

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