Missões - Em todo tempo, em todo lugar e a qualquer pessoa



Certo dia, uma mulher saiu para realizar os seus afazeres cotidianos em sua terra. Provavelmente era um hábito dela realizar essa mesma atividade. Imagino que essa mulher não estava esperando uma companhia ou um diálogo, seja ele curto ou mais longo. Porém, se você já entendeu de quem estou falando, compreendeu que a mulher além de ter tido uma gloriosa companhia e uma conversa extremamente tocável, tanto ela como uma grande parcela da cidade em Samaria tiveram suas vidas transformadas, pois creram na mensagem que ouviram.  


A história narrada em João 4 acerca da conversa de Jesus com a mulher samaritana nos mostra importantes ensinamentos sobre diversas questões da vida. Hoje iremos aprender mais um pouco com o Mestre Supremo a respeito de uma temática que é, na verdade, a razão da igreja e o que a move - missões. Inicialmente, é relevante para nós lembrarmos que a Igreja necessita não apenas falar sobre missões, mas entender que a teoria revela uma prática. O ide é uma ordem dada pelo nosso Salvador (Mateus 28:16-20). Ele possui toda a autoridade nos céus e na terra,  por isso nos envia para pregar o Evangelho sem que a cultura ou a etnia das pessoas seja um obstáculo, não importa se fazem parte de um povo amigo ou inimigo, se são mais semelhantes a nós ou não. A igreja deve pregar a Mensagem da Cruz a todas as nações e se firmar na promessa que o nosso Senhor fez: “E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. (Mateus 28:20).

 

Jesus nos ensina valores vitais em João 4 e nós como cristãs devemos aprender e viver tais ensinamentos. Como este texto nos oferece alguma perspectiva sobre missões? Primeiramente, note como Jesus fez bom uso do seu tempo. Enquanto os discípulos haviam ido à cidade comprar comida, Jesus observou a oportunidade que desejava para se aproximar e pregar. E ele foi. Ele sabia que era necessário estar em Samaria (João 4:4) e logo agiu. Não considerou estar cansado e com sede, apenas entendeu que naquele momento poderia iniciar uma conversa espiritual com aquela mulher. Utilizar o tempo que tinha para trazer o Reino para perto das pessoas que eram como ovelhas sem pastor foi uma grande característica do nosso Salvador.

 

Segundo, Cristo rapidamente viu que a cidade de Sicar em Samaria era um lugar perfeito para revelar a Si mesmo e o Reino. Ele não fez distinção por se tratar de um lugar pouco querido pelos judeus. Ele foi até lá. Ele afirmou que a Salvação vinha dos judeus, mas a Salvação não se importou em percorrer um longo trajeto e adentrar aquele local. O nosso Senhor se aproximou de um poço e ali trouxe revelações celestiais. Atitude semelhante Ele fez quando pediu o barco de Pedro para falar com uma multidão. Ele não encontrava dificuldades, pelo contrário, os lugares menos habituais se tornaram locais onde Ele abençoou a muitos.

 

Terceiro, se dependêssemos da tradição para que esta conversa acontecesse, nós não iríamos ter conhecido essa bela história, por que os judeus não se misturavam em nenhum aspecto com os samaritanos, além de homens não conversarem em público com mulheres (imagine o absurdo um homem judeu e uma mulher samaritana conversarem). Contudo, Jesus escolheu falar com quem ninguém se importava. E para isso, não considerou o seu gênero, o seu país de origem, o lugar em que estava, a sua importância social (ou a falta dela), os seus pecados, ou o seu grau de instrução. A Salvação escolheu ir até alguém que talvez fosse a última escolha de outras pessoas. Lembra do que Ele fez com a mulher adúltera em João 8:1-11? A Salvação se encontrou com uma mulher desprezada e sem honra alguma em sua sociedade.

 

Você pode estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com a sua vida. Eu lhe respondo: tudo. Mulher, você foi salva pela graça e vive em Cristo como um ramo em uma figueira (João 15). Logo, você está incluída na Grande Comissão que encontramos em Mateus 28:18-20. Portanto, assim como Cristo considerava o tempo como um fator importante, nós também devemos compreender que embora estejamos cansadas, em momentos de fragilidade ou de vulnerabilidade (como o nosso atual momento de pandemia), vivenciando tempos difíceis, de escassez e tristeza, devemos pregar o Evangelho que nos alcançou e que tem total poder de alcançar outras pessoas. Em todos os momentos o Senhor oferece oportunidades, peguem-nas.

 

“Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina”. (2 Timóteo 4:2).

 

Todo lugar é um campo oportuno para que sejam realizadas colheitas. O lugar em que você se encontra agora é um lugar perfeito para que se inicie uma conversa espiritual, ou seja, uma conversa sobre quem é Jesus, o que Ele fez e qual a importância disso para a humanidade. Muitas de nós pensamos que o lugar ideal para que se pregue o Evangelho é em terras longínquas, para além mar, mas não, a nossa casa, o nosso trabalho, a nossa vizinhança, escola e universidade, entre outros, são os ambientes onde Jesus quer se revelar através de nossas vidas. Sim, Ele te chamou para isso! É com você que Ele está falando agora!

 

A pessoa que está ao seu lado no trabalho, na escola, na universidade, em casa. Ela é a resposta da sua oração: “para quem eu irei, Senhor?” Sim, ela mesma. Com todas as suas diferenças e pecados, e com toda a soberba e vaidade em seu coração. É definitivamente esta pessoa. Vá até ela. Pregue a única mensagem que pode retirar de uma vez por todas as amarras do pecado e fazer com que ela seja uma nova criatura. Você, mulher, tem essa incumbência, pois o Senhor da seara te enviou. Não olhe para a aparência das pessoas, não as rejeite, dê a elas voz, converse com elas, do mesmo modo que o nosso Deus conversou com a mulher samaritana e a ouviu. Ouça as pessoas e mostre qual é a verdadeira necessidade delas - Cristo.

 

Algumas dúvidas podem adentrar em nosso coração, querendo nos fazer parar e não obedecer a ordem que o nosso Salvador e Senhor nos deu. Objeções podem martelar a sua mente, como: “quem sou eu para pregar o Evangelho?” “Eu não sei fazer isso!” “Eu tenho medo de zombarem de mim.” “O que eu vou dizer as pessoas?” “Será mesmo que Jesus me chamou para isso?” Sim, foi você quem Deus escolheu e lhe ofereceu a grande bênção de participar do que Ele está fazendo no mundo. Sim, você é pequena, talvez seja um tanto tímida e não seja tão boa com as palavras, mas, foi você quem Ele designou. Talvez você se entristeça com as suas inúmeras e diárias falhas, mas o nosso Bom Jesus é Aquele que não despreza um coração humilhado e arrependido. Ele te comissionou apesar de seus pecados! Apenas abra a sua boca e pregue o Evangelho, esta é a Mensagem que deve caminhar com você em todos os lugares. John MacArthur nos faz lembrar uma verdade gloriosa:

 

“Muitos cristãos sentem-se desencorajados e desalentados quando sua vida espiritual e testemunho são atingidos pelo pecado ou pelo fracasso. Nossa tendência é de nos considerarmos seres insignificantes - e se fôssemos abandonados aos nossos próprios recursos, isso seria verdade! No entanto, seres insignificantes são justamente o tipo de pessoa que Deus usa, pois é só isso que ele tem para usar”. (1)

 

Quando o nosso coração desfalecer durante a nossa trajetória na Grande Comissão, lembremos que o Senhor não nos deixa sozinhas em nenhum momento. Que venhamos a não terceirizar a nossa responsabilidade de pregar o Evangelho em todo o tempo, em todos os lugares em que estivermos e a qualquer pessoa sem distinção. Que Deus nos ajude!

 

Hellen Juliane

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Referência bibliográfica:

(1) MACARTHUR, J. J. Doze homens comuns: a experiência das primeiras pessoas chamadas por Cristo para o discipulado. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

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