Além das circunstâncias imediatas
A humanidade tem se tornado cada vez mais
pragmática, racionalista e cética. Demoramos muito para acreditar em algo que
nos é dito. Averiguamos uma, duas, três ou mais vezes. A dúvida parece uma
inimiga constante. Somos lentos para crer. Quando estamos passando por uma
situação que não nos é favorável e não conseguimos enxergar (no sentido
literal) uma saída aparente, muitas vezes nos desesperamos e não colocamos a
nossa fé em prática. Para crer, muitos devem ver literalmente algo real e
palpável acontecer. No entanto, a fé é a esperança naquilo que não se enxerga.
“Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.” (Hebreus 11:1)
Todos nós devemos andar pela fé. Esse é um
chamado para todo aquele que depositou a sua confiança na Pessoa de Cristo
(Hebreus 11:6). Somos salvos mediante a fé e devemos viver continuamente pela
fé (Efésios 2:8-9; Romanos 1:17). Nós necessitamos dela diariamente. Nos bons e
maus momentos. Inclusive quando não conseguimos encontrar uma solução aparente
para as crises e os desafios da vida. Na
primeira multiplicação de pães e peixes em João 6:1-15 podemos ver uma situação
desafiante. Através da narrativa que nos é contada, percebemos o quanto os
discípulos sentiram-se desafiados quando viram o tamanho da multidão que estava
faminta. Sabemos muito bem que Jesus tinha o completo controle daquela
situação, e Ele já sabia o que haveria de fazer. Mesmo assim, Cristo perguntou
como fariam para alimentar tanta gente.
“Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que se aproximava, Jesus disse a Filipe: 'Onde compraremos pão para esse povo comer?' Fez essa pergunta apenas para pô-lo à prova, pois já tinha em mente o que ia fazer.” (João 6:5-6)
Nesse momento, os discípulos tiveram a chance de
comprovar a fé que possuíam e que estava sendo provada pelo Mestre. Contudo, o
texto nos diz que o que aconteceu foi exatamente o contrário. Ao invés de
lembrar os feitos do Senhor e descansar na certeza de sua provisão (andar pela
fé), os discípulos enxergaram apenas o que era literalmente visível. Ou seja,
não havia comida suficiente para todas as pessoas.
“Filipe lhe respondeu: 'Duzentos denários não comprariam pão suficiente para que cada um recebesse um pedaço!' Outro discípulo, André, irmão de Simão Pedro, tomou a palavra: 'Aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas o que é isto para tanta gente?'” (João 6:7-9)
Quando lemos ou ouvimos esse texto podemos
pensar: “Como os discípulos foram incrédulos, já haviam visto centenas de vezes
o Senhor realizando proezas, e ainda não confiaram no que Jesus poderia fazer.”
Realmente, a fé dos discípulos nessa ocasião foi minúscula. Porém, agimos de
modo semelhante muitas vezes. Quando olhamos as circunstâncias imediatas e
esquecemos que não devemos nos guiar pelo que vemos, mas sim, pelo que não
enxergamos; a nossa fé se torna frágil e não prática, assim, não estamos
vivenciando a vontade de Deus para nós.
Olhar para as circunstâncias e dizer ao nosso
próprio coração “não há jeito” é uma demonstração de que não consideramos o que
o nosso Deus totalmente Poderoso pode fazer. Focar naquilo que pode ser visto,
tocado e experienciado no concreto é esquecer que servimos ao Deus que realiza
o impossível de acordo com a sua Soberana vontade. Inúmeras questões duvidosas
enchem o nosso coração quando apenas enxergamos o que está posto a nós no exato
momento presente. Mas, todas essas questões devem ser sanadas quando nós
confiamos no poder de Jesus e dizemos “Senhor, se queres, podes…” como afirmou
o leproso em Mateus 8:1.
Que o Senhor Jesus nos ensine a viver pela fé de
maneira constante, todos os dias, assim como ele fez com os discípulos e
especialmente com Felipe (v.5,6). Que acreditemos plenamente em suas palavras
e em seu poder, mesmo quando não conseguirmos enxergar de maneira material uma
solução para as crises, as doenças, as necessidades, os desafios.
“Felipe precisava aprender essa lição. Para ele, tudo parecia impossível. Precisava colocar de lado suas preocupações materialistas, pragmáticas, sempre ditadas pelo bom senso e aprender a se apropriar do potencial sobrenatural da fé.”¹
Hellen
Juliane
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1 MACARTHUR JR., John. Doze homens comuns: a experiência das primeiras pessoas chamadas por
Cristo para o discipulado. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
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