O que Deus nos revela em sua presença


É incrível como a alma humana sempre está em busca de uma nova sensação, novas experiências, novos desejos e prazeres. Podemos nos comparar a uma máquina sempre em funcionamento, e o que mantém essa máquina em pleno vigor é o prazer. Somos seres sensíveis ao prazer e creio que fomos criados dessa forma (Salmos 16:11). Não é pecado senti-lo. Contudo, não são poucas vezes que fugimos dos conselhos de Deus em relação a como devemos apreciá-lo. Nossos olhos são seduzidos facilmente, nosso coração tão corrupto se enlaça aos nossos desejos pecaminosos e, ao invés de vivenciarmos as perfeitas obras do Senhor que nos traz gozo, nos apressamos a ouvir os nossos próprios pensamentos enganando-nos a nós mesmos sobre o que pode nos trazer o perfeito prazer.


 

Asafe foi um grande homem de Deus, que O servia continuamente no templo. Porém, esse servo acabou sendo enganado pelo que os seus olhos viam e pelo o que seu coração lhe dizia. Ao assistir de perto os ímpios vencendo na vida e conquistando os seus sonhos, uma plena saúde, riquezas e outros bens, Asafe se questionou a respeito de sua própria vida, como se uma voz ecoasse dentro de seu ser: “Eu não tenho nada disso!”. Você já passou por isso? Já se viu fazendo uma grande lista daquilo que você não possui? Você já questionou a Deus por que motivo milhares de pessoas ao seu redor têm aquilo que você “deveria” ter? Vamos aprender com o Salmos 73 o que o nosso Pai nos revela acerca destas coisas.

 


Antes de iniciarmos, devemos perceber o perigo da cobiça. A cobiça em nosso coração é um sinal de que não estamos sendo gratas ao Senhor pelo que possuímos em nossa vida. É a cobiça que nos leva a realizar questionamentos a Deus e às pessoas que estão à nossa volta sobre as nossas frustrações. Ela também cega os nossos olhos fazendo com que não enxerguemos a graça de Deus em nosso dia a dia e as suas misericórdias sendo renovadas todas as manhãs (Lamentações 3:22-23). A cobiça é uma clara expressão de descontentamento. Eu e você podemos passar por essa situação, talvez alguém que esteja lendo esse texto esteja passando. Asafe passou por isso. E podemos ver o quanto a sedução da cobiça o deixou frustrado e abatido:

 


“Quanto a mim, os meus pés quase tropeçaram; por pouco não escorreguei. Pois tive inveja dos arrogantes quando vi a prosperidade desses ímpios.” (Salmos 73:2-3)

 

“Certamente foi-me inútil manter puro o coração e lavar as mãos na inocência, pois o dia inteiro sou afligido, e todas as manhãs sou castigado.” (Salmos 73:13-14)

 


Após rasgar o coração e revelar a sua insatisfação em relação à vida que os ímpios levavam e à sua própria vida, Asafe faz algo essencial (sugiro a leitura completa do Salmos 73). Ele entrou “no santuário de Deus, e então compreendi o destino dos ímpios.” (Salmos 73:17). Esse homem de Deus estava triste e insatisfeito, por pouco enveredou por caminhos distantes do Senhor Deus, mas ele conseguiu perceber, através da preciosa graça soberana de Deus, que distante da presença do Senhor ele não teria os seus pensamentos esclarecidos, o seu pecado perdoado e o seu coração não encontraria a paz que transcende todo e qualquer entendimento (Filipenses 4:7). Então, ele entrou na presença de Deus e foi lá que o Senhor se revelou a Asafe.  

 


Só podemos compreender o pecado que há em nosso coração se o Senhor nos mostrar. É em sua presença que podemos contemplar as nossas faltas. O Senhor ensinou a Asafe e também nos ensina hoje. Primeiro, a ingratidão e a insatisfação com aquilo que o Senhor nos dá e a cobiça em sempre buscar o que não temos para saciar os nossos desejos pecaminosos ao ponto de nos compararmos com os ímpios é insensatez e ignorância. Além disso, o salmista compreendeu que o fim dos ímpios é desesperador, pois estão longe da única fonte de vida (Salmos 73:18-20).

 


“Quando o meu coração estava amargurado e no íntimo eu sentia inveja, agi como insensato e ignorante; minha atitude para contigo era a de um animal irracional.” (Salmos 73:21-22)

 


Não ache que viver incomodado com o que você não possui e com a sua atual realidade seja algo indiferente. Não o é. Reveja as suas intenções. Abra o seu coração. Considere as suas motivações. Compreenda os seus desejos. E não tente fazer isso à parte de Deus. Como você compreenderá aquilo que há em seu coração longe do único que o sonda e o conhece? (Salmos 139:1; Jeremias 17:9-10). Peça ao Senhor contentamento com o que Ele dá a você diariamente. Tenha certeza que isso é mais do que você merece. Segundo, o Senhor é bom e Ele trata com bondade os que lhe pertencem (Salmos 73:1), Ele guia e dá conselhos, nos sustenta e nos dá força, é paciente e não nos joga fora mesmo quando agimos contra a sua vontade (Salmos 73:23,24,26). Asafe aprendeu que o fato de não ter aquilo que os seus olhos desejaram não significava que Deus o deixou ou que não é Bondoso. O Senhor é bom! E provamos de sua bondade todos os dias. O Senhor é compassivo, misericordioso e um Pai presente! Ele nos permite conhecê-Lo e sabe todas as nossas necessidades. Sejamos contentes com tais dádivas!

 


“Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua  vida? Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a vocês, homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer?’ ou ‘Que vamos beber?’ ou ‘Que vamos vestir?’ Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. ” (Mateus 6:26-32)

 


Terceiro, o nosso bem mais precioso deve ser o nosso Deus. Ele é a nossa fonte de alegria. O nosso maior desejo deve ser estar perto Dele e glorificá-Lo com a nossa vida. Foi isso que o salmista Asafe entendeu: Deus é suficiente. Tudo pode ser retirado de nós, bens, prosperidade financeira, até mesmo a nossa saúde. Contudo, nada e ninguém pode nos separar do amor do nosso Pai (Romanos 8:35-39). A graça de Deus nos basta (2 Coríntios 12:9).

 


“A quem tenho nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti. O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre.” (Salmos 73:25-26)

 


Todas estas coisas e muitas outras são reveladas a nós quando entramos na presença do nosso Deus. Deixe que o Senhor se revele a você e ensine como ser uma mulher que se regozija diante da suficiência do seu Deus.

 


“Quando se viu na presença de Deus, Asafe entendeu que ele é nosso tesouro mais precioso, nossa riqueza e nossa prosperidade.”¹

 


Hellen Juliane

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1 PORTE JUNIOR, Wilson. Depressão e graça: o cuidado de Deus diante do sofrimento de seus servos. São José dos Campos: Fiel, 2016.


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