Custa a sua vida


Da mesma forma que um peão ao cair de um boi brabo foge dele instintivamente tentando preservar a sua vida, assim é o ser humano em sua tentativa diária de fugir do sofrimento. Parece-nos óbvio evitar o sofrimento. Quem deseja deliberadamente passar por ele? Creio que ninguém. De fato, acredito que não precisamos correr irracionalmente atrás do sofrimento. Contudo, devemos ter a certeza de que ele chegará (se não já chegou). E devo lembrar-lhe algo que não deve ser segredo para nenhum cristão: o sofrimento faz parte da nossa jornada. Em nossa curta vida experimentaremos inúmeras coisas, e com certeza sofrer será uma delas.

 

Certamente, ao decorrer de sua vida você já passou por diversas situações que provocaram algum nível de sofrimento. Sofremos quando sonhamos e não conseguimos realizar os nossos sonhos. Quando nos ferimos ou alguém a quem amamos se fere. Quando adentramos à universidade e ninguém deseja que entremos no grupo de trabalho porque somos cristãs; ou quando os nossos colegas de trabalho viram o rosto por saberem que cremos em Jesus. A lista de possíveis experiências que podem nos trazer sofrimento pode chegar a ser extensa até demais. Ao vivenciarmos tais eventos em nossa vida, é comum pararmos por um momento, respirarmos e pensarmos: por que isso está acontecendo comigo?

 

Viver piedosamente pela graça que nos é oferecida por meio de Cristo nos custa muito (2 Timóteo 3:12). Ser discípulo do Mestre custa a nossa vida inteira. Talvez seja isso o que nos foge à memória quando fazemos esse tipo de pergunta. Viver pela fé é algo intrínseco à vida cristã. Mas, sofrer também é. Por mais que nós não gostemos e nem queiramos deliberadamente passar por aflições, nós passaremos. E isso nos foi assegurado pelo próprio Jesus.

 

“Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando -os do mundo; por isso o mundo os odeia. Lembrem-se das palavras que eu lhes disse: Nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também perseguirão vocês. Se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à de vocês. Tratarão assim vocês por causa do meu nome, pois não conhecem aquele que me enviou.” (João 15: 18-21)

 

“Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.” (João 16:33)

 

“Então Jesus disse aos seus discípulos: Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará.” (Mateus 16:24-25)

 

O sofrimento também fazia parte do ensino de diversos escritores bíblicos.

 

“Pois,  que vantagem há em suportar açoites recebidos por terem cometido o mal? Mas se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus. Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos.” (1 Pedro 2:20-21)

 

“Pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele.” (Filipenses 1:29)

 

“Quero conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos.” (Filipenses 3:10-11) [ênfase acrescentada]

 

Quando não entendemos o sofrimento como um participante assíduo em nossa vida, também não compreendemos aquilo que a Palavra de Deus fala sobre ele. Se não entendermos as Escrituras, será impossível viver de acordo com a vontade de nosso Senhor. Agora, iremos juntas observar três possíveis (des)entendimentos que podem estar servindo de obstáculos para que consigamos viver uma vida cristã em sofrimento.

 

Primeiro. Muitos cristãos, infelizmente, ainda não entenderam que o chamado para o discipulado requer (obrigatoriamente) uma cruz (Mt 16:24-26; Mc 8:34-37; Lc 9:22-25). Ser discípulo é necessariamente negar a si e seguir um Outro. É procurar viver tudo o que o Mestre viveu. O nosso Senhor Jesus foi Servo Sofredor (Isaías 53), como discípulos de um Cristo Sofredor, devemos esperar o sofrimento (João 15:20; Romanos 8:17). Se você vive uma “vida de discipulado” isenta de sofrimento, talvez você ainda não esteja seguindo ao Verdadeiro Mestre. Lembrem-se, o discipulado custa a sua vida (Lucas 14:25-35).

 

Segundo. Uma vida abastada pode contribuir para que não entendamos e nem queiramos vivenciar o verdadeiro discipulado em sofrimento. O acúmulo de bens, sejam materiais ou não, pode nos paralisar frente ao árduo chamado de Cristo para uma vida de negação. O jovem rico (Marcos 10:17-31) usufruía de uma vida farta em diversos aspectos, ao ser confrontado com o preço do discipulado ele o achou muito caro, virou-se e foi embora. Será que em algum momento da nossa vida já nos deparamos com o preço e fomos tentadas a nos virarmos e irmos embora?

 

Terceiro. Talvez estejamos equivocados acerca do que estamos fazendo aqui na Terra. Somos peregrinas, a nossa morada não é aqui. Estamos em missão sendo embaixadoras de Cristo e noticiando as nações acerca do Reino (2 Coríntios 5:20). Provavelmente o jovem rico não compreendeu isso e amou mais o mundo e o que nele há, bem como a si mesmo. Algumas pessoas quando se deparam com o sofrimento (seja ele qual for) entram em um grande desespero, pois buscam uma boa vida no aqui e agora. Querem as bênçãos eternas da Jerusalém Celestial em um mundo temporal. Não podemos viver com essa finalidade.

 

Amada Igreja, sim, o discipulado nos custará tudo, custará a nossa vida. Talvez isso soe estranho aos nossos ouvidos, pois desejamos viver tranquilamente, sem muitas oposições, agitações ou angústias. Quando algo não sai como o nosso coração deseja, dificilmente encontramos o sentido do sofrimento. Irmãs, precisamos atentar ao que a Palavra do nosso Deus diz a respeito de como devemos vivenciar as aflições que nos atingem. Além de nos alegrarmos em Deus nos períodos difíceis sabendo que há consolo Nele, devemos ter em mente que Ele utiliza o nosso sofrimento para nos moldar à imagem do seu Filho.

 

“Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada.” (Romanos 8:18)

 

“Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.” (2 Coríntios 4:16-18)

 

“Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança.” (Tiago 1:2-3)

 

“Pois assim como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, também por meio de Cristo transborda a nossa consolação.” (2 Coríntios  1:5)

 

Hellen Juliane 

2 comentários:

  1. Não demorem postar meninas❤ E obrigada por esse texto❤

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  2. Amém meninas, Deus continue usando vocês!����
    Dizia uma autora na qual eu admiro seus escritos.
    @
    “A luta contra o próprio eu é a maior batalha que já foi ferida. A renúncia de nosso eu, sujeitando tudo à vontade de Deus, requer luta; mas a alma tem de submeter-se a Deus antes que possa ser renovada em santidade”.

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