A glória de Deus na criação


Você já deve ter feito uma oração ao ar livre. Talvez ouvindo o canto dos pássaros na caminhada pela manhã, ou à noite, apreciando as estrelas naquele breve espaço de tempo vago. Quem sabe até diante do mar, sentindo o vento forte e salgado no rosto em um dia de sol. Pode ter sido naquela pausa vespertina do home office, instante em que saiu à porta de casa e deparou-se com a rua tranquila sob o céu azul de uma quarta-feira com cara de sábado. São tantos momentos possíveis... Minutos reconfortantes em que muitas vezes elevamos nossos pensamentos ao Senhor em agradecimento, contemplação, súplica e reconhecimento de sua grandeza.

 

O salmo 104 parece uma dessas orações que a gente faz enquanto contempla a criação do Pai, não é por acaso que o título da perícope (e também do nosso texto) é: “a glória de Deus na criação”. Muitas figuras da natureza são retomadas, considerando que o Senhor sustenta todas as coisas. Veremos a seguir alguns destaques desse salmo, enfatizando alguns versículos que direcionam a nossa leitura (sugiro a leitura do salmo completo antes ou depois da leitura integral deste texto).

 

De forma geral, o salmo inicia com o engrandecimento do Senhor e prossegue com declarações de um observador a respeito das ações de Deus na natureza (desde a fundação do mundo até a preservação dos animais e dos homens).

 

Ó Senhor, meu Deus, tu és tão grandioso! Estás vestido de majestade e esplendor! v.1


Inicialmente o salmista engrandece, bendiz e reconhece a majestade de nosso Deus. Envolto em luz, Ele estende os céus. Com uma tentativa de descrição do Inefável, o salmista evoca a grandiosidade das ações do Senhor.

 

Firmou a terra sobre os seus fundamentos [...] estabeleceste limites [...] v. 5 e 9

 

Imagine como gerir uma grande metrópole é uma tarefa difícil. Entretanto, aqui o salmista nos mostra que não é nada complicado para o Todo-Poderoso estabelecer os limites do mundo.

 

Dos seus aposentos celestes ele rega os montes; sacia-se a terra com o fruto das tuas obras! v.13

 

Nenhum programa de preservação seria capaz de saciar a sede e a fome de incontáveis animais, mas as obras da mão do Senhor saciam e preservam não só os animais, mas também os homens.

 

Quantas são as tuas obras, Senhor! Fizeste todas elas com sabedoria! A terra está cheia de seres que criaste. v. 24

 

As plantas, a morada das aves, a noite e o dia, o sustento diário de todas as coisas. Do ser mais indefeso ao animal selvagem, todos dependem do mesmo Senhor. A grandiosidade e diversidade dos oceanos ancoram-se Nele, toda a criação submete-se a Ele. Ainda que o mundo, quebrado, sofra com os danos de morte, Ele é renovação.

 

Cantarei ao Senhor toda a minha vida; louvarei ao meu Deus enquanto eu viver. v 33

 

O salmista encerra sua oração destacando que toda sua vida será aproveitada em louvor ao Senhor, em alegria no Senhor.

 

Este percurso de leitura nos faz querer estar ainda mais perto do nosso criador, Aquele que se revela na criação e garante seu sustento. Que, assim como o salmista, enxerguemos nas coisas criadas a glória do Senhor e nosso coração exulte e se curve diante da sua beleza e soberania.

 

Aquele que estabelece montes e vales, mares e desertos, que cuida de formigas e leões; que alimenta pássaros e algas; que veste as flores do campo e enche as lavouras; que derrama chuva abundante e mantém o sol em seu lugar, é Ele mesmo que nos gravou na palma de suas mãos e nos chama de filhas amadas. Que possamos cantar:

 

Posso ver Teu coração na criação

Cada estrela um sinal do Teu perdão

Se a natureza louva, eu também [...]

Vejo Teu amor em todo o Teu falar

Cada céu pintado um quadro a se criar

Se a criação Te segue, eu também [...]

E se tudo existe pra Te exaltar, eu também

Se o vento Te obedece, eu também

Se as rochas a Ti clamam, eu também [...]¹

 

Juliany Correia

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¹Disponível em: https://www.letras.mus.br/marine-friesen/eu-tambem-so-will-i/ 

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