Quando Deus diz não


Há momentos em que não conseguiremos entender a razão dos acontecimentos que sobrevêm em nossas vidas. Quando a dor bate em nossa porta, seja através de um luto, de uma doença, de uma perda financeira ou de um problema familiar, dificilmente conseguimos associar explicações e assim trazer calma ao nosso coração.  Costumamos pensar, "o que me resta é orar". Oramos, clamamos desesperadamente, ansiando com esperança a provisão divina. Todavia, o que nos intriga é perceber que em alguns momentos o Todo-Poderoso ouve nossa oração, mas não atende ao nosso clamor! E assim, nossa dor não cessa, o problema continua, o esperado não acontece e isso só aumenta o nosso sofrimento.

 

É fato que nunca conseguiremos entender a mente de Deus, "pois quem conheceu a mente do Senhor?" (Rm 11:34). Como William Cowper escreveu:

 

"Deus se move de formas misteriosas

Para realizar suas maravilhas

Ele imprime suas pegadas no mar,

E cavalga sobre a tempestade.

 

Fundo, em minas imensuráveis

De habilidade que nunca falha,

Ele entesoura seus desígnios brilhantes

E opera sua vontade soberana."¹

 

Nossa mente limitada nunca conseguirá compreender o controle soberano de Deus. Todavia, quem disse que precisamos entender? O convite do Senhor para seus servos é que confiem Nele, visto que andam por fé e não por vista (II Co 5:7).

 

Houve um determinado momento da vida de Paulo em que ele orou três vezes para que o Senhor removesse algo que ele chamou de "espinho na carne", e a resposta do Senhor foi: "A minha graça é o que basta para você, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" (II Co 12:9). De modo semelhante, nosso Senhor em intensa angústia clamou: "Meu Pai, se é possível, que passe de mim este cálice! Contudo, não seja como eu quero, e sim como tu queres." (Mt 26:39). E o cálice não passou.

 

Aprendemos com estes exemplos que nem sempre receberemos o sim de Deus, porém, sempre receberemos a sua graça e a sua vontade operando em nossa vida. Assim como um pai não concede tudo o que o filho quer, por amá-lo, assim o nosso terno Pai nos poupa de nossa própria vontade para o nosso bem e para a Sua glória. O "não" de Deus é tão amoroso quanto o seu "sim".

 

"Oramos, pedindo por prosperidade, e às vezes o estresse financeiro aparece. Mas nossas almas se fortalecem ainda mais nas provações. Oramos, pedindo por saúde, e a aflição nos é dada, mas nós somos mais capazes de simpatizar com aqueles que também passam por aflição. Deus não comete erros, embora às vezes nós venhamos a questionar Sua sabedoria." (Billy Graham)

 

Em todo tempo Ele está fazendo com que todas as coisas cooperem para o nosso bem e para nos mostrar que não somos o centro do Universo, mas que tudo gira em torno da Sua glória.

 

Ele nem sempre nos responde da maneira que queremos, mas sempre da maneira que precisamos. E mesmo que não alcancemos o objetivo da nossa oração, temos um Pai gracioso derramando sua bondade e misericórdia sobre nós.

 

"Mesmo quando Deus diz não à intenção específica de nossa oração, isso não significa que não haja bênção em resposta à oração.”²

 

Com isso, posso concluir com o restante do lindo poema do William Cowper:

 

"Vós, santos medrosos, renovai a coragem!

As nuvens que tanto temeis,

São grandes em misericórdias, e irromperão

Em bênçãos sobre vossas cabeças.

 

Não julgue o Senhor com débil entendimento,

Mas confie nele para sua graça.

Por trás de uma providência carrancuda,

Ele oculta uma face sorridente."¹

 

Que assim o Senhor nos dê graça para que ao invés de questionarmos Sua sabedoria, confiemos inteiramente Nele!

 

Thayse Fernandes

__________

¹ Disponível em: O sorriso escondido de Deus: o fruto da aflição na vida de John Bunyan, William Cowper e David Brainerd, John Piper.

² John Piper. Disponível em: https://www.desiringgod.org/interviews/when-god-answers-no-to-our-prayers.


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