“Vá com a força que você tem”


Quantas vezes você já olhou para alguma situação e não conseguiu enxergar saída e se frustrou por conta disso? Ou olhou para as circunstâncias e sentiu-se extremamente incapaz de realizar qualquer coisa que pudesse mudá-la?  Por vezes, sendo paralisados, nos escondemos dentro do nosso próprio mundo, com medo de enfrentar aquela dolorosa situação e nos revoltamos, ficamos entristecidos e perdemos as esperanças.

 

Todas nós já passamos por essas lutas, sejam elas dentro de casa, no trabalho ou com alguns amigos. Tendemos a questionar o porquê de certas coisas estarem acontecendo conosco mesmo havendo promessas na palavra do Senhor nos confirmando que ficaríamos bem. É uma mãe que não suporta mais a filha rebelde, as inúmeras contas atrasadas ou um marido ausente. Há também alguém cuja amizade está tão fragilizada por alguma ferida e dor não resolvida que prefere desistir de consertar. E ainda, aquele trabalho que te dá tanta dor de cabeça, com um patrão insensível e uma jornada de trabalho desgastante que faz você duvidar da sua própria capacidade de estar ali. Em todas essas situações parece que não há saída. O que poderíamos fazer se nem temos forças suficientes para mudá-las?

 

Quando penso sobre fraquezas, lembro-me de Gideão. Encontramos esse personagem em Juízes 6, aparentemente demonstrando a sua fraqueza, tendo sido encontrado por Deus  “batendo trigo no lagar para esconder-se dos midianitas” (Juízes 6.11). O texto explica que Gideão estava em clara demonstração de medo, pois, na época em que vivia, Israel estava sofrendo com a grande crueldade que vinha de Midiã:

 

“Os midianitas eram tão cruéis que os israelitas fizeram para si esconderijos nas montanhas, nas cavernas e nas fortalezas. Sempre que os israelitas faziam o plantio, saqueadores de Midiã, de Amaleque e de outros povos do leste atacaram Israel, acampavam na terra e destruíram as plantações até Gaza. Levavam ovelhas, bois e jumentos, e não deixavam coisa alguma para Israel comer.  Esses bandos inimigos, que vinham com seus rebanhos e tendas, eram como uma praga de gafanhotos. Chegavam em camelos, tão numerosos que era impossível contá-los, e só partiam quando a terra estava devastada (Juízes 6.2-5)”

 

Gideão sentia as consequências em relação ao que lhe acontecia, e isso o fazia sentir-se inadequado, fraco e sem coragem. Possivelmente ele imaginava que não havia o que ser feito ou que ele não conseguiria fazer nada, era apenas vítima da situação que estava lhe causando tanto sofrimento.

 

Muitas vezes somos como Gideão, quando olhamos para nós não encontramos as armas suficientes para lutar em meio ao sofrimento. Olhamos para a situação e a única saída que encontramos é nos esconder, fugir do problema ou continuar a nossa vida. A exemplo de Gideão, continuamos trabalhando e vivendo, mas em um lugar que é mais seguro para nós. Contudo, permanecemos sentindo o peso do sofrimento pois, apenas esconder-se não nos impedirá de sentir as suas consequências.

 

Enquanto Gideão estava escondido, veio um Anjo do Senhor falar-lhe que ele seria o libertador de Israel. O Senhor usaria a sua vida para salvar aquele povo das mãos dos midianitas. Mas, apesar do claro chamado do Senhor, Gideão tomado de dúvidas, expressa a sua insegurança e descontentamento diante do sofrimento do povo de Israel. Ele inicia uma série de indagações do porquê de tanto sofrimento mesmo em meio às promessas do Senhor e pede que lhe seja dado provas de que tal convite era de fato verdade:


“Meu senhor, se o Senhor está conosco, por que nos aconteceu tudo isso? E onde estão os milagres de que nossos antepassados nos falaram? Acaso não disseram: ‘O Senhor nos tirou do Egito’? Agora, porém, o Senhor nos abandonou e nos entregou nas mãos dos midianitas!” (Juízes 6.13)

 

Gideão estava cheio de dúvidas e medo, ele não acreditava que de fato poderia ser usado por Deus já que as circunstâncias não revelavam isso. Ele quer crer, mas dentro do seu coração havia dúvidas se seria capaz de realizar coisas tão grandiosas. Gideão não percebe, mas com Deus as suas fraquezas podem ser vencidas.  Ainda que sendo fraco, ainda que com medo, ainda assim o Senhor o considerava um “guerreiro corajoso, homem de grande valor” (Juízes 6.12). Deus via o que Gideão não conseguia enxergar, Ele via o que Gideão era nEle.

 

“Então o Senhor se voltou para ele e disse: ‘Vá com a força que você tem e liberte Israel dos midianitas. Sou eu quem o envia!’.  ‘Mas, Senhor, como posso libertar Israel?’ , perguntou Gideão. ‘Meu clã é o mais fraco de toda a tribo de Manassés, e eu sou o menos importante de minha família!’ ‘Certamente estarei com você’, disse o Senhor. ‘E você destruirá os midianitas como se estivesse lutando contra um só homem’” (Juízes 6.14-16).

 

Então, qual força seria essa que o Senhor disse para Gideão se firmar? Que força viria de alguém que era visivelmente medroso e fraco? A resposta é que, apesar de Gideão ainda não ter consciência disso, a sua força estava no Senhor. É dEle que podemos tirar forças para enfrentar e lutar diante de qualquer situação. Ainda que nos sintamos fracos, com medo ou incapazes, podemos confiar que Ele lutará por nós.

 

Quantas vezes já olhei para mim mesma e enxerguei apenas medo e fraquezas, pecados e constantes falhas? Mas, do Senhor vem a nossa força. Ele que “dá força ao cansado, e aumenta as forças ao que não tem nenhum vigor” (Isaías 40.29). Em meio ao caos que povoa os nossos pensamentos e das nossas constantes falhas, Ele nos vê. Deus conhece as nossas fragilidades e medos, mas o que Ele quer é a nossa confiança, pois somente com Ele podemos ter forças para vencer em meio às adversidades.

 

Que a nossa confiança repouse na força que vem do Senhor, que possamos fazer como Paulo, que entendeu que o Poder de Deus se aperfeiçoava em suas fraquezas, o glorificando dizendo: “Por isso me gloriarei ainda mais das minhas fraquezas, para que o poder de Cristo descanse sobre mim” (2 Coríntios 12.9-10).  Como Gideão foi lembrado nos heróis da fé como homem que da “sua fraqueza tirou força” (Hebreus 11.34), teremos forças, apesar das nossas fraquezas, porque confiamos naquele que nunca nos abandonou.

 

Por fim, lembremos que a confiança no Senhor é a chave para agirmos mesmo sem forças, pois ela nos concede a certeza da vitória. Assim, vá e coloque-se diante de Deus pedindo humildemente que Ele aumente a sua fé para agir em meio às tempestades e conflitos dessa vida. Assim como foi com Gideão, Deus também o chama para a ação, por isso firme-se em percorrer o caminho que o Senhor já traçou em sua vida. Não tenha medo, apenas confie. Vá com a força que lhe foi conferida por meio do Espírito Santo que habita em você. Encha-se da palavra de Deus, medite e ore ao Senhor. Peça instruções e orientações e, dessa forma, verás que Ele te direcionará, colocará forças em seus braços e palavras sábias em sua boca. Ele te usará e fará de você um grande instrumento de transformação na sua vida e na de muitos. Confie e vá com a força que você tem, pois foi Ele mesmo que lhe confiou.

 

Kelly Balbino 

2 comentários:

  1. Ótimo texto! Tenho passado por essas situações e como o texto diz, Deus realmente nos ajuda, orienta e fortalece.

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  2. Ótimo texto! A oração sempre é um meio que nos conduz a vontade de Deus.

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