A idolatria do sexo


A idolatria faz parte da história humana desde que entrou o pecado no mundo. Podemos definir idolatria, em breves palavras, como o amor devotado a qualquer coisa que substitui o lugar de Deus em nosso coração. A escritura nos revela claramente que somente Deus é digno de nossa devoção, de sorte que qualquer coisa que valorizamos mais do que Ele se torna um ídolo em nossas vidas. Pode ser um namorado, os bens materiais, a carreira, um hobbie, um status social, política, beleza ou até mesmo o ministério. Qualquer coisa para onde é direcionado nosso amor mais profundo além de Deus se torna um ídolo e rouba a adoração devida ao único Senhor.

 

Pelo decorrer dos séculos, um dos grandes ídolos da sociedade é o sexo. Antes de tudo, precisamos ressaltar que o sexo foi criado por Deus, portanto, é algo bom. O Senhor Deus ao estabelecer o casamento concedeu a dádiva da união entre homem e mulher, união essa que representa algo acerca Dele mesmo.

  

“Por isso, o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” (Gn 2:24)

 

Assim como na trindade, três são um; no casamento, dois se tornam um. Ao satisfazer um ao outro, marido e mulher encontram a glória do pertencimento mútuo e do prazer alicerçado na aliança firmada diante de Deus e dos homens, e isso é maravilhoso.

 

 Todavia, temos encontrado inúmeros desafios frente a essas verdades conhecidas através da Palavra de Deus. A mesma nos alerta acerca disso:

 

“Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos…mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus.” (II Tm 3:1-4)

               

O amor devotado aos prazeres, e não a Deus, é incluído na lista dos pecados característicos entre os homens nos últimos dias. Esse amor exacerbado pelo prazer tem feito com que muitos relacionamentos sejam destruídos e com que muita maldade seja externada no mundo, através do adultério, fornicação, pornografia, prostituição, dentre vários outros conhecidos como pecados sexuais. O sexo se torna um ídolo a partir do momento em que pessoas o valorizam mais do que lhe é cabível e o amam mais do que a Deus. Toda busca por satisfação sexual fora do padrão estabelecido por Deus se torna um ídolo e é pecaminoso.

 

O apóstolo Paulo, na mesma carta dirigida a Timóteo, o aconselha sobre a maneira que ele deveria se comportar em seu tempo: “Foge também das paixões da mocidade.” (II Tm 2:22). Fugir. Não tem acordo. A forma que lutamos com a imoralidade sexual é fugindo dela. O sexo é bom e prazeroso, mas quando não é vivido debaixo da aliança matrimonial pode trazer graves consequências espirituais, físicas, emocionais e morais. Precisamos aprender a lutar da forma correta, não supondo que somos fortes, mas vulneráveis demais para tentarmos resistir com nossas próprias forças. Precisamos fugir de tudo o que corrompe a imagem perfeita que Deus estabeleceu do sexo para nós, isso inclui pensamentos, conversas, imagens, comportamentos, etc; ao mesmo tempo que nutrimos um relacionamento profundo com Ele, a fim de sermos fortalecidos nessa batalha onde a luta é contra nós mesmos. Nossa paixão assim não é removida, mas redirecionada, do prazer sexual à Deus, do amor às paixões da mocidade ao amor por Ele.

  

Em meio a todo o frenesi de nossa sociedade pela busca da felicidade através do sexo, entendemos que a verdadeira felicidade só é encontrada em Deus. O sexo é apenas uma dádiva, um presente que Ele nos concedeu para desfrutarmos nessa breve vida, mas Ele é o doador, o benfeitor de todas as bençãos físicas e espirituais, o maior bem supremo de toda a ordem criada, pois tudo o que há de prazeroso e belo que os nossos olhos conseguem contemplar é um minúsculo vestígio das delícias perpétuas e da alegria plena que reside eternamente Nele. Inclusive, não é necessário ter relação sexual para encontrar completude, como disse John Piper:

 

 “Jesus nunca teve relações sexuais, e foi o ser humano mais completo e perfeito que já existiu. Sexo é uma sombra, uma imagem, de uma realidade maior – de um relacionamento e de um prazer que farão o sexo parecer um bocejo.”¹

 

Jonathan Edwards, semelhantemente, afirma:

 

 “O gozo de Deus é a única felicidade com a qual nossa alma pode satisfazer-se... Pais e mães, maridos, mulheres, filhos ou a companhia de amigos terrenos são apenas sombras; mas, Deus é a substância. Eles são apenas raios de luz, Deus é o Sol. Eles são correntes de água, Deus é a fonte. Eles são gotas, Deus é o oceano.”²

 

Deus nos convida a encontrarmos Nele a nossa satisfação suprema, pois “na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente.” (Sl 16:11). O anseio existencial que o homem possui por satisfação plena só pode ser preenchido em Deus. Todavia, temos nos contentado com tão pouco, supondo que a alegria terrena nos é suficiente, quando o oceano da felicidade é posto diante de nós.

 

 “Somos criaturas divididas, correndo atrás de álcool, sexo e ambições, desprezando a alegria infinita que se nos oferece, como uma criança ignorante que prefere continuar fazendo seus bolinhos de areia numa favela, porque não consegue imaginar o que significa um convite para passar as férias na praia. Contentamo-nos com muito pouco."³

 

Precisamos vencer a idolatria do sexo, amando mais a Deus do que o prazer. Que o Senhor gere em nós corações apaixonados por Ele de tal modo que O amemos acima de todas as coisas, obedecendo assim o seu mandamento e encontrando nisso nossa alegria suprema.

 

 Thayse Fernandes

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¹ Extraído de: https://www.thegospelcoalition.org/blogs/justin-taylor/having-god-is-better-than-money-sex-power-or-popularity/

 

² EDWARDS, Jonathan. O Peregrino Cristão. Baixado gratuitamente do site: oestandartedecristo.com

 

 ³ LEWIS, C. S. O peso de glória. 


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