O perigo do amor ao dinheiro
Ao visitar o quarto planeta, o
pequeno príncipe se depara com um empresário. O homem estava tão concentrado em
sua contagem de estrelas que ignora a chegada do principezinho. Mas o que ele
fazia com as estrelas? Isso intrigou o garoto, que o questionou e obteve como
resposta o seguinte:
“- Nada, eu as possuo.” [...]
- E de que te serves possuir as estrelas?
- Serve-me para ser rico
- E de que te serves ser rico?
- Para comprar outras estrelas, se alguém achar."¹
O empresário estava preocupado em possuir, administrar, contar e recontar
suas estrelas com exatidão, almejando conquistar outras mais. Para quê? Bem,
ele não sabia. Nós, muitas vezes, costumamos pensar e agir como o empresário.
Há muito para conquistar e não há tempo a perder. Não compramos estrelas, mas
amamos possuir uma infinidade de coisas, mesmo quando essas posses não fazem
sentido algum e nos levam ao fundo do poço junto com nossos preciosos recursos
que de nada servem por lá.
Juntar tesouros neste mundo parece sempre uma boa ideia. Paulo, porém, já
alertava a Timóteo sobre os perigos do amor ao dinheiro:
"Pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos." 1 Timóteo 6:10
Podemos entender o dinheiro como
um "símbolo cultural que usamos para mostrar o que valorizamos, um meio
pelo qual evidenciamos onde está nosso tesouro."²
O dinheiro em si não é o problema, querer ter um pouco mais de conforto
ou uma reserva financeira não te faz um amante do dinheiro. A grande questão é
o que nosso coração afetado pelo pecado tem a capacidade de fazer com ele -
assim como faz com outras dádivas que o Senhor nos concede.
Vivemos em um mundo que supervaloriza o "ter", de modo que somos
facilmente seduzidos pela cobiça. Possuir sempre mais pode tornar-se a grande
busca de nossas vidas. A realidade das pessoas em geral não é de excesso, mas
de falta. Assim, podemos pensar: "muita gente não tem sequer o básico ou o
necessário para o mínimo de conforto/estabilidade, como falar de amor ao
dinheiro?". Sobre isso, gostaria de retomar uma colocação bem assertiva de
Piper:
"Ter pouco pode destruir o contentamento em Deus ao fazer com que sintamos que Ele é mesquinho, indiferente, ou mesmo impotente. E ter muito pode destruir nosso contentamento em Deus ao fazer-nos imaginar que Deus é supérfluo ou secundário em sua condição de ajudador e tesouro."²
Se você tem em abundância, lembre-se de ser um bom mordomo e administrar
bem a dádiva que o Senhor lhe concedeu. Seja grato e coloque-se na posição de
servo de Deus que usa seu dinheiro para a glória dele. O dinheiro pode nos
tornar insensíveis às dificuldades dos outros e até mesmo nos transformar em
pedra de tropeço para muitos. Cuide do seu bolso, mas preocupe-se primeiro com
seu coração.
Se você tem pouco e está buscando por uma situação melhor, saiba que Deus
tudo vê e provê para os seus em suas necessidades. Talvez você esteja vivendo
um dia de cada vez sem saber como vai pagar o boleto que vence amanhã, o Senhor
se importa com isso e prometeu jamais nos abandonar. Ter pouco com o nosso
abundante e gracioso Deus é suficiente. Ter muito sem estar debaixo do Seu
senhorio é o mesmo que nada ter. Não esqueçamos que o nosso maior tesouro é
Cristo.
"Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: "Nunca o deixarei, nunca o abandonarei". Hebreus 13:5"
¹ O pequeno príncipe, Antoine de Saint-Exupéry
² Dinheiro, sexo e poder: fazendo o melhor uso de três oportunidades
perigosas, John Piper
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