O confronto que sacode o coração

 

Em João 6 podemos ver Jesus realizando diversas obras sobrenaturais. Logo nos primeiros versículos, lemos sobre a primeira multiplicação dos pães. Em seguida, Jesus vai até os seus discípulos andando sobre as águas. Depois desses acontecimentos, o versículo 24 de João 6 nos conta que essas pessoas entraram em barcos e atravessaram o mar para encontrar Jesus em Cafarnaum. Elas tinham visto as maravilhas que Ele havia feito e comido dos pães que Jesus havia multiplicado. Após o reencontro entre Jesus e a multidão, o nosso Senhor revela o coração daquelas pessoas. Cristo diz que elas estão ali porque comeram do pão e ficaram satisfeitas (Jo 6:26). A partir disso, Ele inicia um dos ensinamentos mais profundos de seu ministério terreno e muitas verdades espirituais são ensinadas.

 

Você já ouviu algo tão novo e distinto que para você aquelas palavras soaram confrontadoras? Parece que foi mais ou menos isso o que aconteceu com os supostos seguidores de Jesus a partir do versículo 26. Jesus fez inúmeras declarações consideradas desconcertantes para muitos. O que ele disse foi interpretado como ofensivo. Muitas daquelas palavras são difíceis de se engolir até mesmo em nosso tempo. Sabe por quê? Porque a natureza das pessoas não mudou. Continuamos sendo como as mesmas pessoas daquele tempo. Os mesmos pecadores obstinados contra a verdade de Deus (Romanos 1:18-32). Nesse momento, eu peço que se prepare um pouco para as perguntas que irei fazer, talvez elas  incomodem um pouco. Você já se interessou por algo por que isso poderia ser conveniente para você? Ou já considerou o que lhe era dito por que aquelas palavras te favoreciam? Parece que temos uma tendência semelhante à daquelas pessoas que seguiam Jesus. Quando algo começa a nos confrontar e nos incomodar, o nosso orgulho começa a falar mais alto e o nosso pecado tenta nos cegar.

 

Você pode estar se perguntando quais foram essas palavras ditas por Cristo que tanto sacudiram o interior daquele povo. Eu te convido a ler todo o capítulo 6 do Evangelho de João. Mas, aqui vão algumas declarações do nosso Senhor. Jesus afirmou que aquelas pessoas precisariam crer Nele como o enviado do Pai. Que Ele mesmo é o pão da vida, o pão que desceu do céu que dá vida ao mundo. E que era necessário comer de sua carne e beber do seu sangue para pertencer a Ele e não mais perecer, mas viver para sempre. Chocante? Talvez sim. Essas palavras confrontam de verdade. Mas, perceba que elas possuem uma importância gigantesca, pois a vida de todo aquele povo dependia delas. E a nossa também depende. O que acontece quando Jesus fala tudo isso? Muitos não entenderam o que Ele estava dizendo. Muitas pessoas o criticaram e questionaram: “Este não é Jesus, o filho de José?” (João 6:42).

 

Após tantas críticas e tantos desentendimentos, você pode pensar que Jesus parou por aí. Não, ele não parou! Ele insistiu nas mesmas verdades. A todo momento Cristo afirmou ter aprovação e autoridade do Pai, além de ser o único que pode salvar o mundo. Aqui, o nosso Deus enfatiza algo que as pessoas do nosso tempo se recusam a aceitar. Aquele Homem de Nazaré, que cresceu e se criou por aquelas ruas do primeiro século, é Deus. E é por meio Dele que podemos ser salvos. Imagine os que chegaram ali tão somente por causa de alguns pedaços de pão ouvindo tudo isso. Os seus corações foram sacudidos. Contudo, o orgulho os cegou. E  muitos deixaram de seguir a Jesus, alegando que aquilo que o nosso Senhor falou foi duro demais, uma palavra que não poderia ser suportada (João 6:60). Muitos, por conta de sua incredulidade, recuaram.

 

“Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: Dura é essa palavra. Quem pode suportá-la?” (João 6:60).

 

“Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo. Jesus perguntou aos Doze: Vocês também não querem ir?” (João 6:66-67).

 

Eu gostaria de compreender a profundidade das palavras que Jesus proferiu nessa ocasião. Não consigo colocar nesse texto breve tudo o que esses ensinamentos significam. Porém, pretendo deixar aqui algumas lições que podemos aprender como seguidoras de Cristo, como aquelas que creram e tiveram os seus corações sacudidos por essas verdades eternas.

 

Muitos daqueles que seguiram Jesus realizaram grandes esforços para estarem ali. Eles pegaram barcos e atravessaram o mar para ir atrás Dele. Mas, por que tudo isso? O próprio Jesus sabia da motivação de todos, e sabia que alguns deles buscavam apenas o pão que perece. Não havia espaço para Jesus no coração daquelas pessoas. O interesse não era Ele, bastaram algumas palavras espirituais e verdadeiras, que confrontavam o coração delas, e elas foram embora. Quais têm sido as razões dos nossos esforços diários como seguidoras de Jesus? Em que estamos interessadas? Temos em Cristo a nossa fé firmada? Acreditamos naquilo que Ele falou e continua a falar hoje em dia? Em meio a uma multidão preocupada com aquilo que não é eterno, em busca de sinais e benefícios próprios, permanecemos Nele pelo poder do Espírito? Não devemos tratá-lo como um amuleto. Alguém com quem barganhamos e exigimos aquilo que chamamos de bênçãos. 

 

Por não crerem em Jesus e não obterem Dele aquilo que desejavam, aquelas pessoas o deixaram de lado. Elas não entenderam a sua maior necessidade. Elas não necessitavam de outra multiplicação de pães no momento. A sua maior necessidade estava sendo exposta e elas não entenderam. Mas, a partir disso, para quem aquelas pessoas iriam? Em quais lugares encontrariam outro a falar aquelas mesmas palavras? Não havia outro. Não havia quem procurar. Foi isso o que Deus revelou a Simão Pedro:

 

“Simão Pedro lhe respondeu: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus.” (João 6:68-69).

 

Que o Senhor nos ajude a permanecer e a entender que não há nenhum outro. E mesmo quando observarmos tantos voltando atrás e o rejeitando, anelando pelo que perece e não tendo Nele o seu prazer, que continuemos crendo firmemente naquilo que o nosso Senhor disse:

 

“Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6:54).

 

“As palavras que eu lhes disse são espírito e vida.” (João 6:63).

 

À parte Dele, estaríamos perdidas. Para aquelas que creem, sejam gratas a Deus porque Ele fez com que vocês compreendessem todas essas coisas. A Ele seja a glória!

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Hellen Juliane


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