[Série: Mães desconhecidas da Bíblia] - Joquebede: uma mãe ousada com uma fé corajosa
É certo que todos
vivemos em um momento específico da História humana, com contextos, situações e
desafios próprios. O recorte histórico, ou seja, a época na qual vivemos,
costuma influenciar em certa medida muitos de nossos pensamentos, o modo que
falamos, nos vestimos, no que acreditamos e a maneira que decidimos viver. Hoje
iremos falar sobre uma mulher, que assim como nós, também tinha que conviver
com os efeitos do seu tempo. Falaremos de Joquebede, descendente da tribo de
Levi, verdadeiramente israelita, que casou com um homem que de igual modo fazia
parte do povo de Deus. Contudo, era uma escrava no Egito.
Conhecemos Joquebede
no capítulo 2 do livro de Êxodo. Mas, para entendermos melhor quem ela era e em
qual situação vivia, torna-se imprescindível compreender o que acontece no
capítulo 1 do mesmo livro. Após a ida de Jacó e seus descendentes para o Egito
a fim de encontrar José, muitos anos se passaram e toda aquela geração já havia
morrido (Êxodo 1:6). Era, porém, notório que a bênção de Deus estava sobre
aquele povo. Os israelitas eram férteis e encheram o país (Êxodo 1:7). Todavia,
o versículo 8 nos narra que um novo faraó sobe ao trono e, por não conhecer a
história de José e seus feitos, inicia conspirações contra o povo de Deus. O
faraó escravizou os hebreus e colocou sobre eles trabalhos forçados (Êxodo
1:8-14). A Palavra de Deus é enfática, no verso 12, quando afirma que os
israelitas continuavam fortes e numerosos mesmo sendo oprimidos com tanta
veemência. Por esta razão, aquele rei ordenou às parteiras dos hebreus um
massacre de meninos. Elas, porém, temendo a Deus, se recusaram a fazer tal
infortúnio. E o Senhor estava com elas (Êxodo 1:20-21). Mas, o faraó não
desistiu, pelo contrário, persistiu em seu plano horrendo:
Por isso o faraó ordenou a todo o seu povo: ‘Lancem ao Nilo todo menino recém-nascido, mas deixem viver as meninas.’ (Êxodo 1:22).
Esse é o pano de
fundo da vida de Joquebede. Era essa a situação que ela estava vivendo. Ela era
escrava e oprimida, o seu povo estava escravizado e oprimido. Todos debaixo do
senhorio de um rei opressor e maligno, sem nenhuma misericórdia. Este fato por
si só é aterrorizante, mas o capítulo 2 inicia com alguns detalhes que deixam a
história ainda mais complicada. Joquebede estava grávida e deu à luz. E
adivinha? O bebê era um menino (Êxodo 2:1-2). De acordo com o nosso campo de
visão natural, julgamos que esse seria o pior momento para alguém engravidar e
uma criança do sexo masculino nascer. Mas, também podemos concordar que mesmo
em momentos improváveis ou quando enfrentamos um tempo de incertezas, o nosso
Deus continua sendo Soberano e regendo este mundo de acordo com a sua perfeita
vontade. Deus permitiu que o libertador de seu povo nascesse em um período de
caos e matança. E Ele sustentou a vida daquele menino. Algo bem parecido
aconteceu quando o nosso Rei nasceu. O Pai permitiu que o Filho nascesse em um
momento complicado, no qual a morte de inocentes era planejada e executada.
Porém, o mesmo Deus que protegeu Moisés, guardou Jesus, guiando soberanamente
todo e qualquer detalhe. Porque nada foge de seu senhorio e total controle.
Ora, se a situação
não era uma das mais favoráveis, aquela família teria que agir de uma maneira
ousada. Algumas situações realmente extraem de nós ousadia e diligência.
Joquebede pode ser considerada uma mulher e mãe ousada, corajosa e diligente.
Contudo, a ousadia e coragem dessa mãe não são aleatórias ou firmadas
simplesmente em perspectivas mundanas. Pelo contrário, a sua fé estava
alicerçada no Deus de seu povo, no seu Deus. Joquebede estava nas mãos do Deus
Todo Poderoso que guiou todos os seus passos. Ao colocar aquela criança
indefesa no rio Nilo, ela o depositou nas mãos do seu verdadeiro Senhor.
Podemos aprender com
a mãe de Moisés a não limitar a nossa visão quando os tempos forem de aflição e
desgaste. Joquebede olhou para a sua criancinha e ela não viu um menino com um
triste destino. Ela não temeu o que rei havia decretado, ela não permitiu que
aquela circunstância tornasse os seus olhos obscurecidos e incrédulos.
Joquebede percebeu que Moisés não era um menino comum.
Pela fé Moisés, recém-nascido, foi escondido durante três meses por seus pais, pois estes viram que ele não era uma criança comum, e não temeram o decreto do rei. (Hebreus 11:23).
Não limite o seu
olhar, mãe. Não mantenha uma perspectiva negativa sobre as dificuldades e
tribulações. Embora as circunstâncias sejam desastrosas ou até de morte,
permita que Deus faça com que os seus olhos vejam diferente. Mesmo que você ou
seus filhos e filhas estejam andando errante ou vivendo momentos
desesperançosos, confie que Deus continua sendo o mesmo. O nosso Deus continua
mudando destinos que parecem já traçados, mudando corações e histórias, fazendo
com que pessoas comuns e indignas vivam missões grandiosas. Creia na
providência divina.
Ainda, a vida de
Joquebede nos ensina que, em meio aos desafios postos diante de nós, precisamos
agir com ousadia. Ser ousada não significa ser imprudente. Ela foi ousada e
diligente ao mesmo tempo. A sua fé firme fez com que ela acreditasse que o seu
Deus agiria em seu favor. Ela colocou o menino no Nilo. Porém, Joquebede pôs a
criança em um cesto todo cercado e protegido. Não para afundar, mas para boiar
pelas águas. A fé a moveu com um comportamento ousado e corajoso. Ela cria em
uma esperança que não falha. Tudo aquilo não era o fim do seu bebê, era apenas
o começo de uma grande jornada, não só para ele, mas para todo o povo de Deus.
“Quando já não podia mais escondê-lo, pegou um cesto feito de junco e o vedou com piche e betume. Colocou nele o menino e deixou o cesto entre os juncos, à margem do Nilo.” (Êxodo 2:3).
O Senhor não te
deixou sozinha em meio aos desafios, mãe. Ele sabe que muitas dificuldades te
afligem. Ele te fortalece, assim como fez com Joquebede, para que você seja
forte e corajosa. Mova-se e não se esconda. Enfrente os problemas e dilemas da
vida com ousadia. Mesmo que as situações sejam consideradas difíceis e que a
resposta natural seria o desespero e a covardia, seja fortalecida pelo Deus que
é fortaleza e porto seguro. E dê respostas altamente destemidas, pela fé.
Por fim, Joquebede
deixou marcas não só em Moisés, mas também em Arão e Miriã. Ela foi uma mãe que
cuidou de seus filhos e os ensinou as verdades sobre Deus. Ela deixou marcas
profundas na vida dos seus filhos e nós sabemos muito bem o quão preciosos eles
foram e como Deus se utilizou deles para que os seus propósitos fossem
executados.
Então a irmã do menino aproximou-se e perguntou à filha do faraó: ‘A senhora quer que eu vá chamar uma mulher dos hebreus para amamentar e criar o menino?’ ‘Quero’, respondeu ela. E a moça foi chamar a mãe do menino. (Êxodo 2:7-8).
Essa mãe conseguiu
efetivamente marcar de maneira positiva a vida de seus filhos porque
primeiramente ela mesma era uma mulher de Deus. O autor aos Hebreus mostra uma
semelhança muito bela entre os pais de Moisés e ele mesmo. Pela fé Joquebede e
o seu marido viram algo a mais no menino, pela fé ela guardou a criança por
três meses, e pela fé não temeram o decreto de faraó (Hebreus 11:23). Logo em
seguida, podemos observar que pela fé Moisés preferiu sofrer juntamente com o
povo de Deus, pela fé saiu do Egito e também não temeu a ira do faraó (Hebreus
11:24-29). Muitas situações serviram para formar o caráter de Moisés, inclusive
seus primeiros anos ao lado de sua mãe.
Ame o Senhor com
toda a sua força e os seus filhos entenderão o que é amar a Deus. Ore pelos
seus filhos. Interceda por eles, sejam aqueles que já nasceram ou aqueles que
ainda são desejos. Peça para que o Senhor os use de maneira sobrenatural e
marque a vida deles. Junto a isso, seja
uma mulher de Deus. Confie a sua vida ao seu Senhor. Ore por você mesma e peça
para que Deus lhe use, inclusive como mãe, de forma sobrenatural, para que Ele
te marque e que as suas marcas atinjam aqueles que estão ao seu redor.
Hellen Juliane
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