[Série: Mães desconhecidas da Bíblia] - A viúva de Naim: mães que sofrem com o luto

 

Não sei se você já sentiu na própria pele ou sentiu a dor de outrem, mas há algo inegável sobre o luto de uma mãe: ele emudece, produz um nó na garganta, ninguém sabe as palavras certas, toda condolência parece insuficiente.  Tantas mães perdem todos os dias: filhos perdidos no ventre, filhos perdidos para as injustiças desse mundo, filhos perdidos catastroficamente, filhos perdidos espiritualmente.


Ao encerrar nossa série de textos sobre as mães desconhecidas da Bíblia, não podemos deixar de mencionar a história de uma mãe que perdeu. O que isso tem a ver conosco? O que podemos notar além do lamento e dor? O que Deus nos diz por meio desse texto?


Primeiramente, precisamos, mais uma vez, lembrar que estamos em um mundo totalmente afetado pelo pecado. Nem sempre o sol brilha, nem sempre a chuva faz crescer o alimento. Às vezes, o sol queima e a chuva destrói. Nosso mundo é repleto de jardins e espinheiros e, em alguns momentos, até as coisas boas podem tornar-se prejudiciais. Há dias de riso com buquês de flores e há dias de pranto com coroas de flores. É o mundo quebrado, imperfeito.


Assim como outras mulheres mencionadas na Bíblia, e assim como muitas de nós hoje, certo dia, uma mulher de uma cidade chamada Naim viveu mais um momento de pranto. O relato do capítulo 7 de Lucas informa que ela era viúva e estava prestes a enterrar o seu único filho. Não nos são dados detalhes sobre o que exatamente aconteceu, não sabemos seu nome e as circunstâncias que a fizeram viver dias tão fatídicos. Contudo, podemos pensar quão grande era sua dor: sem marido, sem filho, sozinha, enlutada. Tristeza. Desesperança. De onde viria agora seu sustento e amparo? Onde encontraria remédio para a sua solidão? Talvez ela tenha se perguntado.  Uma multidão a acompanhava, provavelmente, lamentando junto a ela, a cidade toda se comoveu.


O que você diria para essa mulher? Eu provavelmente não saberia proferir uma só palavra de imediato. Todavia, alguém a viu e disse “Não chore”. Foi o mestre com o seu olhar de amor. A Bíblia afirma que Jesus sentiu uma compaixão profunda por aquela mulher, de modo que quando ele profere esse imperativo, não é como uma repreensão, não é porque considera que ela está sendo fraca ao chorar. Jesus disse “Não chore” porque Ele mesmo cessaria aquele choro. Nosso Senhor, que no início do capítulo 7 já havia demonstrado compaixão por um homem à beira da morte, agiu em favor daquela viúva. Só havia pranto em seus lábios, quem sabe ela estava enlutada demais para clamar, nenhuma força para pedir intervenção divina. Talvez ela ainda nem tivesse ouvido falar de Jesus, mas Ele a conhecia muito bem, comoveu-se e compassivamente demonstrou seu poder (e ele nem se preocupou com os que o chamariam de impuro por ter tocado em um morto). Veja:


Depois, aproximou-se e tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Jesus disse: "Jovem, eu lhe digo, levante-se! " (Lucas 7:14)

 

O Senhor trouxe à vida o filho daquela mãe. Você pode imaginar o alvoroço? O caixão era aberto e o menino já levantou conversando, a multidão começou a louvar, reconhecendo que Deus os havia visitado. Que reviravolta, não? A notícia se espalhou pelos arredores. A multidão que chorava agora celebra.


 O que Deus nos diz por meio desse texto? Minha irmã, embora não possamos nos livrar de todas as dores deste mundo caído, não pense que Deus desconhece ou ignora suas perdas. Em alguns momentos, não podemos evitar a pergunta “Por quê?”, mas há coisas que estão muito além da nossa compreensão.


Eu não sei se você já viveu uma situação de luto desse tipo. Não sei o que levou seu filho de você. Talvez você sinta a dor de perdê-lo espiritualmente falando. De toda forma, imagino que seja devastador, prematuro e dolorido. Lembre-se, porém, que Deus entende melhor que todos a dor de perder um filho amado, porque ele também perdeu o dele ao entregá-lo por nós. Somente um Deus que é capaz de sofrer pode falar às nossas feridas:


Mas, às nossas feridas, somente as de Deus podem falar

 E nenhum outro deus tem feridas, apenas Tu, ó Senhor. ¹

 

A boa notícia é que as nossas feridas possuem um prazo de validade. Elas não ficarão abertas diante dAquele que é o próprio bálsamo restaurador. O mesmo Cristo que ressuscitou aquele menino e que também ressuscitou ao terceiro dia, há de nos ressuscitar para viver eternamente com Ele. Sem dores, sem luto, sem caixões, sem cemitério. Atente-se para o fato de que o Senhor é compassivo. Nós, que hoje enterramos os nossos mortos, haveremos de celebrar a vida eternamente.


Juliany Correia

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¹ https://matheusomar.medium.com/jesus-das-cicatrizes-de-edward-shillito-1919-50b6bc680898

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