Indicação: “O Deus presente” - D. A Carson
Além de professor e pesquisador do Novo Testamento, D. A
Carson escreveu mais de 50 livros, é um dos diretores e fundadores do
ministério The Gospel Coalition e é palestrante ativo, tendo ministrado em
diversas igrejas ao redor do mundo. Sua obra “O Deus presente” é uma verdadeira
introdução básica à fé cristã, pois, através da grande história da Escritura,
Carson nos ajuda a saber o que cremos e por que cremos. Segundo o próprio
autor, o que ele intenciona é passar pela Bíblia em 14 capítulos, focalizando uma
ou mais passagens bíblicas, explicando e conectando com o contexto maior, isto
é, unindo as ideias para mostrar como elas convergem em Jesus.
A muitos cristãos faltam o conhecimento básico e prático da
Bíblia, por isso, no primeiro capítulo encontramos algumas instruções gerais de
como manusear a Escritura, além de colocações preciosas sobre o Deus que criou
todas as coisas:
“A Bíblia começa de maneira simples, porém categórica: ‘No princípio...Deus’. Ele existe. Ele não é o objeto que nós avaliamos. Ele é o Criador que nos fez, e isso muda toda a dinâmica [...] A minha existência depende dele. A existência de Deus é auto existência. Deus não tem causa. Ele apenas é. Ele sempre foi.” (p.25)
O autor prossegue escrevendo a respeito da nossa rebelião,
destacando como os portadores da imagem de Deus se tornaram idólatras ao se
levantarem contra Ele e as consequências que isso gerou:
“Se Deus é criador e nos dá vida, então, se nos afastamos dEle, se o desafiarmos, o que restará, senão morte? [...] Se afirmamos o nosso próprio bem ou mal e decidirmos que queremos ser um deus para nós mesmos, apartando-nos assim do Deus vivo, que nos criou e deu vida, não haverá nada além de morte.” (p.50)
A resposta para quem pode consertar isto está no capítulo
seguinte, no qual Carson discorre a respeito de como as histórias e relatos do
Antigo Testamento apontam para um Deus provedor que providenciaria um
sacrifício maior que todos. Em seguida, ele nos mostra que a lei traz à tona a
nossa transgressão e revela o amor de Deus, visto que Ele não inocenta o
culpado, mas outro recebe a nossa punição. Ao estabelecer leis Deus nos aponta
para Jesus e nos ensina como agir, mas o autor ressalta:
“O que toda pessoa precisa é ter a presença do Deus vivo. Não basta a uma igreja ter os rituais certos, os sermões certos e o tipo certo de música. Se Deus não se manifestar de alguma maneira, se ele não estiver presente, que vantagem há nessa igreja? O cristianismo é meramente algum tipo de herança de rituais estruturados? Ou ele depende de sermos reconciliados com o Deus que nos criou e a quem temos de prestar contas? Não há proveito algum em sermos diferentes porque temos regras. Precisamos ter Deus conosco.” (p. 94)
Os capítulos posteriores tratam a respeito da majestade e
sabedoria de Deus e logo depois começamos a ler como este mesmo Deus se torna
um ser humano, nos mostrando Jesus como a auto expressão divina:
“Você quer saber como é o caráter de Deus? Estude a Jesus. Você quer saber como é a santidade de Deus? Estude a Jesus. Você quer saber como é a ira de Deus? Estude a Jesus. Você quer saber como é o perdão de Deus? Estude a Jesus. Você quer saber como é a glória de Deus? Estude a Jesus em todo o seu caminho para aquela cruz ignominiosa. Estude a Jesus.” (p. 165)
Carson ainda aborda questões como o novo nascimento,
afirmando que mesmo que não consigamos explicar toda a sua mecânica, ele é real
quando vemos os resultados. Deus muda nossa vida e molda em uma nova direção.
Ao discorrer sobre o amor de Deus, o autor afirma Jesus não foi uma vítima do
destino, mas tinha um propósito em ir à cruz, Ele não veio para pessoas
neutras, mas para um povo que já estava condenado. Ainda sobre esta temática, o
livro traz alguns poemas, a exemplo de um escrito por Francis Thompson, que
fala de Deus como se ele fosse o cão do céu que desceu para caçá-lo. Ao comentar
este poema, o autor escreve:
“Deus é o tipo de Deus que nos busca, e, por isso, terminamos em Cristo. [...] Este é o Deus que ama, ele é como o cão de caça do céu. Ele é o único que nos dá significado quando somos restaurados ao Deus vivo.” (p. 209)
Os últimos capítulos são ainda mais marcantes por evidenciar
a redenção. Quando nos é apresentado “O Deus que morre”, percebemos que é
exatamente por não salvar a si mesmo que Jesus nos salva. Mais uma vez traz um
poema significativo, intitulado “Jesus das cicatrizes”, que termina dizendo:
“Outros Deuses eram
fortes, mas tu eras fraco;
Eles cavalgaram, mas
cambaleaste até o trono;
Somente Deus pode
falar com as nossas feridas,
E nenhum Deus possui
feridas além de ti.” (p. 229)
Quando não temos respostas e não entendemos o que Deus está
fazendo, podemos confiar que Ele é soberano e também sofre por nós:
“Às vezes, quando não há nenhuma resposta para nossa culpa, nossos temores, incerteza e angústia, há um lugar inabalável em que podemos nos manter firmes – o solo em frente à cruz.” (p. 230)
Carson ainda discursa a respeito do “Deus que declara justo
o culpado”, “O Deus que transforma seu povo”, “O Deus que é bastante irado” e o
“Deus que triunfa” de forma profunda poética. O livro finaliza falando a
respeito da esperança futura de contemplar a face de Cristo, o novo céu e a
nova terra: “Mas o dia bendito vindo está/ Em que sua Glória vista será”.
O próprio autor diz que este não é um livro para todos, pois
alguns podem achar uma introdução muito longa. De fato, este livro é básico,
mas não breve. O caminho que Carson traça ao longo da obra é extenso, mas não
deixa de ser excelente, porque nos leva além da superfície, além de fazer
várias referências a textos literários e utilizar figuras que tornam a leitura
mais bela. O Deus presente é um livro que nos ajuda a encontrar o nosso lugar
no plano de Deus – como destaca o subtítulo – mas é, sobretudo, um livro que
nos motiva a nos deleitar ainda mais no Deus que sempre está conosco.
Informações do livro:
Título: O Deus presente – encontrando seu lugar no plano de
Deus
Autor: D. A. Carson
Editora: Fiel
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Juliany Correia
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