Buscando a Deus de todo o coração
Imagine receber uma declaração de alguém que você ama,
repleta de lindas palavras e banhada de romantismo. Agora pense como seria
saber que tudo não passa de superficialidade, de amor fingido, interesseiro e
da boca para fora apenas. Sem dúvida, seria decepcionante.
Uma rápida leitura dos três primeiros versículos do capítulo
6 de Oséias, pode dar a entender que esse trecho expressa uma bela e sincera
declaração de arrependimento e reconhecimento da necessidade de buscar a Deus,
até lermos os versículos seguintes. Observe:
Venham, voltemos para o Senhor. Ele nos despedaçou, mas nos
trará cura; ele nos feriu, mas sarará nossas feridas. Depois de dois dias ele
nos dará vida novamente; ao terceiro dia nos restaurará, para que vivamos em
sua presença. Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo. Tão certo como
nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de inverno, como as
chuvas de primavera que regam a terra. (Oséias 6. 1-3)
Bonito, não? Mas, logo no versículo 4 lemos que esse amor é
“neblina da manhã, como o primeiro orvalho que logo evapora”. Provavelmente, você
conhece a história de Oséias e como Deus demonstra seu amor insistente por meio
deste livro. Através do casamento de um profeta com uma prostituta, podemos ter
uma ideia da infidelidade de Israel, da nossa própria corrupção e da
misericórdia de Deus. A mensagem de Oséias chama o povo ao
arrependimento, evidenciando a justiça do Senhor, como também seu amor e graça.
As ações pecaminosas e de rebeldia contra Deus têm suas
consequências, e o povo começa a ver o quanto é destrutível afastar-se dEle.
Mas, longe de arrepender-se verdadeiramente, o que lemos em 6.1-3 não passa de
uma declaração tão bela quanto superficial. Não é raro que nos deparemos com
declarações e atitudes desse tipo. Há uma realidade de tristeza por causa das
consequências do pecado, mas não do pecado em si. Em muitos momentos, nos
entristecemos pelo que a desobediência nos trouxe e não por termos ofendido
nosso Deus perfeito em santidade.
Além disso, numa época em que se busca consideravelmente
conhecimento teológico, muitas pessoas confundem o conhecimento de Deus com um
intelectualismo vazio. Entretanto, o verdadeiro conhecimento de Deus não está limitado
a tratados teológicos, catecismos ou confissões de fé. Não se trata apenas do
que conhecemos sobre Ele, o verdadeiro conhecimento de Deus não só ilumina
nossa mente, como também faz nosso coração arder por obedecê-lo. Faz termos
consciência da nossa miserabilidade e exultarmos por seu amor infinito.
Conheceremos de fato o Senhor cada vez que o buscarmos de
todo o nosso coração. Ele se deixa ser encontrado, nossa procura não é em vão.
O Deus soberano é acessível e se agrada da nossa sinceridade (Jeremias
29.13-14). Honrá-lo apenas com os lábios e expressar superficialmente a
necessidade de buscá-lo é ínfimo demais diante do que Ele é e fez por nós. Se
tentamos impressionar Deus com a beleza de palavras que não refletem o que de
fato se passa em nosso coração, somos como crianças que tentam esconder dos
pais as mãos sujas colocando-as para trás e exibindo uma amável expressão no
rosto, a aparente inocência revela a culpa. O que há de mais íntimo em nós está
descoberto diante daquele que nos formou e nos conhece por completo.
A devoção que Deus deseja é diferente de um louvor falso e
interesseiro. Procurá-lo tão somente em busca de feridas saradas, dias claros e
prósperos mostra, na verdade, que estamos cada vez mais distantes. Agostinho,
em um trecho bastante conhecido de suas confissões, expressa o quanto demorou
para entender que o Senhor estava tão perto:
Tarde demais eu te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!
Tarde demais eu te amei! Eis que tu estavas dentro de mim, enquanto eu estava
fora; era lá fora que te procurava[...] Tu estavas comigo, mas eu não estava
contigo[...] Tu me chamaste, gritaste e rompeste minha surdez. Tu reluziste,
brilhaste e aniquilaste minha cegueira. Tu espalhaste doces perfumes, e eu os
inalei e suspirei por ti. Degustei e senti fome e sede. Tu me tocaste, e eu
senti um desejo ardente de tua paz (10.38)
Deleite-se na beleza do seu criador. Ame-o, ouça-o, veja sua
luz, inale seus perfumes. Busque desesperadamente sua presença! Que possamos
dizer com sinceridade: “Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo”, que
não esqueçamos de que
"O Senhor está perto de todos os que o invocam, de todos os que o invocam com sinceridade" (Salmos 145.18).
E que declaremos apaixonada e verdadeiramente:
“Faze, ó Senhor, resplandecer sobre nós a luz do teu rosto!” (Salmos 4.6).
Juliany Correia
lindo o texto e bem profundo também. Que Deus transforme nossos corações de pedra e nos faça conhecer sua glória!
ResponderExcluirMaravilhoso texto! Nunca li nada tão profundo! Obrigada por permitir o compartilhamento.
ResponderExcluirEsse estudo é maravilhoso, nos leva a refletir e nos abre os olhos de como estamos buscando a Deus.
ResponderExcluirObrigada por compartilhar conosco , foi de grande proveito.
A paz do nosso amado Senhor 🙏🌷