Nossa confiança limitada


Existe um vídeo que eu vi há bastante tempo, mas nunca esqueci seu conteúdo. Trata-se de uma rápida encenação feita por um grupo de teatro, tendo como tema a confiança no Senhor. A cena começa com um diálogo entre Jesus e uma mulher. Na conversa, ela afirma que não consegue confiar nele. Ele, por sua vez, sugere um exercício que consiste no seguinte: a mulher deve jogar-se para trás de maneira que Jesus, à sua retaguarda, a impeça de cair no chão. Hesitante, ela se joga e Jesus a segura. O exercício se repete até que a mulher, empolgada, afirma ter plena confiança nele. Entretanto, Jesus a desafia a cumprir a última etapa do exercício: olhar para ele e cair para trás na direção oposta. A mulher reluta, insiste que não pode fazer porque não tem ninguém atrás para segurá-la. Sai de cena. Segue-se um instante de silêncio que nos faz pensar como um exemplo prático e fictício demonstra o quanto a nossa confiança em Deus é limitada.


Recordo o relato de Mateus 14.22-33. Logo depois que Jesus faz a primeira multiplicação de pães, ele insiste para que seus discípulos peguem o barco e sigam para o outro lado. Enquanto isso, despede a multidão e retira-se sozinho para orar. Já de madrugada, com o barco longe, Jesus vai até os discípulos sobre as águas e eles se apavoram, entretanto, de imediato ele os encoraja e tranquiliza. Pedro, rapidamente, pede para encontrá-lo sobre as águas. Jesus o chama, Pedro vai. Ele começa a caminhar na direção certa, mas, perde o foco ao observar o vento e as ondas agitadas. Começa a afundar, clama ao Senhor e é salvo. Jesus questiona sua incredulidade e entra com ele no barco. Ele acalma o vento, é adorado e reconhecido como sendo verdadeiramente Filho de Deus.


Nesta narrativa, Pedro é um exemplo de fé e de falta dela. De imediato, ele pede para ir até Jesus e, pouco tempo depois, seu medo o faz afundar. Contudo, é importante observar que tal discípulo, mesmo com os pés temerosos e agora molhados, ainda demonstra fé quando clama por Cristo. Nós não somos este mesmo exemplo? Em muitos momentos, afirmamos confiar no Senhor e, de fato, olhamos só para ele, mas quando nossos olhos se voltam para o que se passa ao redor, nosso coração fica repleto de medo e dúvida. Não é raro que isso aconteça, por vezes, nossa confiança vai apenas até certo limite, mas quando gritamos “salva-me”, ele nos ergue com misericórdia.


Assim como foi com aqueles discípulos, Jesus não só nos dá motivos para confiar nele, como também age apesar das nossas incertezas. Inúmeras vezes eu já pude vislumbrar Deus agindo a despeito da minha incredulidade, tenho certeza que você também já pôde ver isso.


Você então pode se perguntar como confiar mais em Deus, lembre-se que o homem que confia nos homens é maldito (Jr 17.5), o homem que confia em si mesmo é insensato (Pv. 28.26), o homem que confia em suas riquezas atrai sua própria ruína (Pv 11.28), mas os que confiam no Senhor permanecem firmes (Sl 125.1).


Precisamos pedir ao Senhor que aperfeiçoe a nossa fé. Conte para ele o que te traz insegurança, fale sobre os seus medos em oração. Diga porque está sendo difícil confiar e peça que Ele a fortaleça. Olhe tão somente para Cristo e tire o foco das circunstâncias, afinal, elas estão sob o seu senhorio. Caminhe até ele todos os dias e saiba que, se você vacilar, ele irá te erguer. Deus nos segura mesmo quando olhamos para trás e não há ninguém lá.


Minha oração é que o Senhor faça nossos momentos de dúvida e medo culminarem em adoração e nos ensine a cada dia confiar plenamente nele, para que possamos provar e ver “que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia.”  (Sl 34.8)

 Juliany Correia

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