A sutileza do pecado


Quando recebemos o Senhor Jesus como único e suficiente salvador, ganhamos um novo coração, tornando-nos templo e morada do Espírito Santo (1 Co 6.19). Assim, o cristão é perdoado pela graça de Deus e adotado em Sua família, recebendo a glória da salvação eterna e deleite permanente em Deus.

 


Porém, ao passo que isso acontece, o cristão continua estando sujeito às adversidades,  medos, angústias, desejos e tentações. Ele é alguém que precisa de ajuda, aconselhamento, da exposição pública da Palavra de Deus, da comunhão com a família do Senhor aqui na terra. É importante saber disso, pois o pecado é sutil e, a menos que estejamos vigilantes, poderemos cair. O apóstolo Paulo já dizia que a carne milita contra o Espírito (Gl 5.17) e, por isso, deveríamos estar atentos às suas armadilhas.

 


Quanto a isso, Hebreus 3.12-13 nos chama a atenção para o seguinte: 



“Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o dia que se chama hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado”.

 


A passagem está querendo fazer um alerta aos crentes, os “irmãos", sobre questões que fazem parte da vida normal de todo cristão. A esses, o autor faz um alerta: “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade”.

 


Essa incredulidade começa com a pessoa cedendo aos desejos de seu coração. Ela começa procurando realizar algo que acha interessante, atraente e vai em busca daquele objetivo sem se dar conta dos perigos que envolvem essa trajetória. Pode ser que alguém, por exemplo, esteja se envolvendo cada vez mais em seu trabalho no desejo de subir na carreira, passando a pensar muito nisso e deixando de lado as outras coisas em sua vida.

 


Nesse caminho, ainda no mesmo exemplo, essa pessoa começa a ficar mais tempo no trabalho, passa a dedicar menos tempo a esposa e filhos, começa a falar apenas sobre este assunto com os seus amigos. Perceba que essa pessoa está progressivamente cedendo aos desejos do seu coração, mas não percebe. Ela não está apenas agindo de acordo com os desejos do seu coração, mas passa a se afastar sutilmente da palavra de Deus.

 


Com a sutileza do pecado e o desejo do coração, essa pessoa começa a não ter mais tempo para orar ou ler a palavra de Deus. Está cada vez menos ativo nas atividades da igreja. Não mais se sensibiliza quando confrontado com o pecado e, como diria Paul Trip, começa a se sentir preso nessa “coisa cristã”. Sem perceber, o seu desejo tomou seu coração, que se tornou endurecido pelo pecado.

 


Esse exemplo nos mostra como o pecado é sutil e sorrateiro, por isso devemos permanecer atentos e vigilantes. Ora, sabemos que na Cruz Jesus quebrou o poder do pecado sobre nós, mas a presença do pecado permanece e, assim, precisamos vigiar quanto a essa luta que existe entre a carne e o espírito dentro de nós.

 


A continuação desses versículos em Hebreus nos dá uma perspectiva do que podemos fazer diante dessa situação, quando diz: “ exortai-vos mutuamente cada dia, durante o dia que se chama hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado”.

 


Devemos procurar socorro em comunidade. Conforme Paul D. Trip diz: 


“Eu preciso de você para realmente me ver e me conhecer. Caso contrário, eu escutarei meus próprios argumentos, acreditarei em minhas próprias mentiras e aceitarei meus próprios enganos”.
 


Dessa forma, um dos meios essenciais na caminhada cristã contra um coração endurecido e incrédulo são os nossos irmãos na fé que usam de palavras de verdade para sustentar a nossa fé.

 


Assim, como comunidade, somos agentes de Deus, instrumentos usados pelo Senhor  para auxílio de seus filhos. Somos auxiliadores e dependemos do auxílio dos outros. Somos responsáveis por examinar nossos corações, mas também devemos encorajar-nos mutuamente para que nossos irmãos na fé não se enganem e tornem-se endurecidos quanto aos seus próprios pecados.

 


Para podermos nos enxergar de maneira clara, precisamos do espelho da Palavra de Deus e, às vezes, é preciso que outra pessoa segure esse espelho à nossa frente. Devemos ser aqueles que auxiliam outros no caminho da santificação e da humildade para receber ajuda. Precisamos estar dispostos a ajudar alguém a examinar-se conforme a Palavra de Deus, ao passo que também precisamos pedir a Deus que enxerguemos os outros da forma que Ele os vê.

 


Dessa forma, irmãos, vigiemos, sejamos atentos às sutilezas do pecado. Tomemos os devidos cuidados em nossa caminhada cristã, não nos acomodando quanto a uma falsa sensação de segurança.  Busquemos ser vulneráveis e honestos com nossos irmãos quanto às nossas dificuldades e fraquezas. Precisamos amar os outros a fim de auxiliá-los com paciência e humildade para enxergar o que precisam ver. Que não passemos a viver na defensiva, mas sejamos abertos ao auxílio de Deus todos os dias.

 


Kelly Balbino

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TRIPP, Paul David. Instrumentos nas mãos do Redentor; Pessoas que Precisam Ser Transformadas Ajudando Pessoas que Precisam de Transformação. São Paulo: Nutra, 2009.

 

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