Preciosa semente

 


Em muitos momentos, Jesus pautou seu ensino em parábolas, em linhas gerais, elas são entendidas como histórias que ajudam a explicar uma verdade. Entretanto, não se trata apenas de um método facilitador, como alguns podem pensar. Quando questionado sobre o motivo de ensinar por meio de parábolas, Jesus é bem claro ao enfatizar que essas histórias realmente ilustram e esclarecem a verdade para aqueles que ouvem atentamente. Em contrapartida, a verdade permanece encoberta para aqueles que não possuem o desejo de procurar pelo significado pretendido.

 

 

No capítulo 13 do evangelho de Mateus, há uma série de parábolas relacionadas ao Reino e a primeira delas é a parábola do semeador. Inicialmente, nos é dito que uma grande quantidade de pessoas estava seguindo Jesus, então foi preciso afastar-se e continuar a ensinar em um barco na praia. Ele conta uma história simples, acessível a todos, considerando os conhecimentos prévios dos que ali estavam, dificilmente alguém não compreenderia.

  

Se dividirmos esse trecho específico da parábola do semeador, teremos uma estrutura assim: Jesus conta a parábola, os discípulos questionam, Jesus faz a explicação. A história é bastante comum para quem estava inserido em uma cultura agrícola: o semeador lança sementes em um campo e elas caem em solos diferentes. Algumas ficam à beira do caminho, o que seria a parte de terra mais dura, que separava os campos e era o trecho onde se transitava. Outras caem em um solo rochoso, isto é, aquele que possui uma estreita faixa de terra na superfície, mas tem por baixo uma bela camada de rocha. Outras caem entre espinhos e outras em solo fértil, propício.

  

Como consequência da semeadura em diferentes solos, a colheita também ocorre de forma diferente. As sementes à beira do caminho são comidas por pássaros ou pisoteadas. As sementes no solo rochoso até brotam e crescem na estreita faixa de terra, mas logo as raízes encontram a rocha e não mais há possibilidade de crescimento e sobrevivência. As sementes entre os espinhos são sufocadas. As sementes que caíram em solo fértil resultam em uma colheita extraordinária.

  

No final da história, os discípulos os questionam a respeito do que Jesus acabou de falar, antes de explicar a parábola, Ele explica que seu ensino nem sempre será entendido por todos. Ao se interessarem pelo significado da parábola, os discípulos demonstram que não estavam seguindo Jesus apenas por seguir, apenas por seus milagres, eles queriam esclarecimento, queriam entender de fato. Toda a multidão certamente conseguiu compreender as palavras de Jesus, mas quem se interessou em entender o significado além do que foi dito? Apenas os discípulos que estavam com os ouvidos abertos.

 

A explicação tem seu foco nos tipos de corações representados pelos tipos de solo. O solo à beira do caminho diz sobre um coração duro, onde a semente não consegue germinar e logo é arrancada pelo maligno. O solo rochoso se refere a uma atitude de um coração superficial, que parece receptivo e demonstra crescimento rápido, mas logo se desvanece. O solo repleto de espinhos ou ervas daninhas aponta para um coração cheio de preocupações e cuidados desse mundo, um coração dividido e preso às riquezas. O solo frutífero diz sobre um coração preparado, aquele coração perseverante que entende o evangelho e frutifica ricamente.

  

Assim, percebemos que o foco da parábola não é o semeador e suas qualificações, o aspecto destacado é a condição do solo. Lembramos, portanto, que quando compartilhamos o evangelho, os resultados serão variáveis de acordo com a condição dos corações ouvintes. Ser um bom semeador não garante uma colheita abundante, diversificar os métodos e alterar a semente tampouco fará efeito proveitoso. A semente preciosa do evangelho é uma só e não germinará em qualquer tipo de solo. Este também é um lembrete para o nosso próprio coração, para que questionemos como temos ouvido a palavra de Deus.

  

Que o Senhor nos ajude a não nos contentar em ouvir Sua palavra de forma endurecida ou apenas superficialmente; que o Pai nos livre do mundanismo que sufoca o evangelho em nossa vida e nos faça como aquele solo preparado, acolhendo a semente preciosa que produz verdadeira transformação em nossa vida.

  

Juliany Correia

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