Ele é
Quando temos interesse em conhecer uma pessoa, geralmente queremos gastar
tempo conversando, entendendo as peculiaridades e os sonhos, o que aquela
pessoa gosta de comer e a sua cor favorita. A soma das respostas pode
contribuir para um maior encantamento, e cada vez mais desejamos compreender as
características de quem estamos conhecendo. Quanto mais clara a percepção sobre
alguém, mais encantadas podemos nos tornar. De semelhante modo, quando estamos
lendo um bom livro ou assistindo uma série, aos poucos vamos entendendo todo o
enredo e roteiro, nos apegamos aos personagens e à trama. Queremos conhecê-los
mais, entender as suas características e, de repente, já estamos encantadas
novamente.
Acredito que você já se sentiu dessa forma. Sabe aquela sensação de
quanto mais você conhece algo ou alguém, mais você deseja conhecer? Pois bem,
nos sentimos assim a respeito de muitas coisas. Gostaria de compartilhar com
vocês a história de um homem que se sentiu dessa maneira, totalmente encantado
ao conhecer alguém. A história se encontra em Marcos 5. Os primeiros versículos
contam que após Jesus acalmar a tempestade, Ele e os seus discípulos chegaram
até a região dos gadarenos. Lá, havia um homem endemoninhado que vivia nos
sepulcros e ninguém o podia conter. Quando chegava a noite, esse homem saía
gritando e cortava-se com pedras. No versículo 6, ele viu Jesus de longe.
Correu até o Mestre e prostrou-se. Os demônios rogaram a Jesus para que saíssem
e entrassem em uma manada de porcos, e assim se fez. As pessoas que por ali viviam, puderam ver o
que Cristo havia feito na vida do ex- endemoninhado.
“Quando se aproximaram de Jesus, viram ali o homem que fora possesso da legião de demônios, assentado, vestido e em perfeito juízo; e ficaram com medo.” (Marcos 5:15).
O povo ficou com medo e suplicou a Jesus para que Ele saísse daquela
região. Quando Jesus estava entrando no barco (v.18), o homem a quem Cristo
havia libertado suplicou para ir com Ele, para O seguir. Jesus o pediu para que
fosse para casa e contasse a todos o que havia sucedido. Aquele homem retornou
para casa e anunciou o que o Senhor fez e sobre a misericórdia de Deus para com
ele, e muitas pessoas ficaram admiradas (v.19,20).
Ao ler essa história, parece-me que o homem outrora possesso estava
encantado por Jesus. Após tudo o que o Senhor fez, ele ansiava conhecer mais,
estar o mais perto possível. Este homem notou que havia uma diferença, aquele
homem de Nazaré não era comum, não era como os outros. Algo bem parecido
ocorreu na noite passada, quando todos os discípulos estando atônitos se
perguntaram:
“Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Marcos 4:41).
O homem liberto provavelmente estava se perguntando: “Quem é este que
mudou completamente a minha vida? Quero o conhecer mais”. Com certeza, Jesus é
uma Pessoa encantadora. Totalmente distinta de tudo o que aquele moço já havia
conhecido um dia. Aquele homem queria conhecer cada vez mais quem transformou a
sua vida; e o que ele já conhecia sobre Cristo o fez mudar, ele não era mais o
mesmo. Quem nosso Deus é impacta diretamente em quem nós somos e como nós
vivemos.
“Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia. Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz.” (Colossenses 1:15-20).
Ele é Deus. Senhor sobre todas as coisas, tudo Ele sustenta através de
seu infinito poder. É infindável o seu conhecimento e majestoso o seu reinado.
É o eterno criador, antes de tudo Ele é. Razão das mais lindas canções e
poesias, pois é fonte inesgotável de beleza. Não há Deus como o nosso. Sim,
todos os atributos do nosso Deus repercutem em nossa vida prática. Assim como
impactou a vida desse homem em Marcos 5, como deixou a mulher samaritana
entusiasmada em João 4 e como deixou deslumbrado o rei Davi no Salmo 139.
Poderíamos enumerar aqui alguns atributos do nosso Deus, como a
onisciência, onipotência, onipresença, soberania, santidade, amor,
imutabilidade, dentre outros. Jesus em Marcos 5 expressou algumas de suas
características, como o amor, a misericórdia, onipotência, soberania, senhorio
e majestade. Ao ver tudo isso, o homem recém curado foi totalmente impactado e
prontamente ele desejava mais. Conhecer Deus tem sido o seu anseio diário? Como
o entendimento de Cristo impacta a sua vida? Ou nos deixamos ser encantadas por
quem o nosso Deus é, e isso muda a nossa existência, ou quem Deus é não adentra
o nosso coração, consequentemente, o nosso viver não é transformado.
A minha oração é para que o Senhor continue constrangendo o nosso coração
a tal ponto que, à semelhança do ex- endemoninhado, nós também venhamos
suplicar por mais. Que os nossos lábios clamem: Nos deixe ir contigo, Senhor,
para onde tu fores, pois já reconhecemos que tu és Senhor de tudo, até os
demônios reconhecem (Marcos 5:6). Tu tens todo o poder de transformar, curar e
libertar, ao som de sua voz tudo e todas as coisas se submetem (Marcos 5:13). O
teu amor e a tua misericórdia são graças imerecidas que surgem transbordantes a
cada manhã (Marcos 5:19). Não há mais o que fazer a não ser implorar a Ti:
deixe-me ir contigo (Marcos 5:18).
Um dia, encantado, Agostinho escreveu:
“Tu me chamaste, gritaste e rompeste minha surdez. Tu reluziste, brilhaste e aniquilaste minha cegueira. Tu espalhaste doces perfumes, e eu os inalei e suspirei por ti. Degustei, e senti fome e sede. Tu me tocaste, e eu senti um desejo ardente de tua paz.”¹
Hellen Juliane
1 Agostinho. Confissões. São Paulo: Mundo Cristão, 2017.
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