[Série: Mães desconhecidas da Bíblia] - A viúva de Sarepta: mães que enfrentam períodos de crise e escassez
O profeta Elias,
após dizer ao rei Acabe que haveria um período de seca sobre Israel, foi
instruído por Deus a se esconder no riacho de Querite, onde teria a torrente
para beber e a presença de corvos para o alimentar. Contudo, passado alguns
dias, a torrente secou - devido à ausência de chuvas, e então outra direção de
Deus veio para o profeta:
"Vá imediatamente para a cidade de Sarepta de Sidom e fique por lá. Ordenei a uma viúva daquele lugar que lhe forneça comida". (1 Reis 17:9)
Essa viúva citada
por Deus é aquela que hoje conhecemos como viúva de Sarepta - uma mulher
gentia, viúva, que atravessava uma crise pessoal e financeira. Essa mulher
estava apanhando lenha quando Elias a encontrou e lhe pediu um pouco de água e
pão. Contudo, aos olhos naturais, talvez ela fosse a pessoa que menos pudesse
oferecer socorro, pois em sua casa só havia um punhado de farinha e um pouco de
azeite.
Então a viúva
explicou ao profeta a sua situação, dizendo que com aquele pouco que tinha,
iria preparar comida para ela e seu filho, para que pudessem comer e depois
morrer. Ela era sozinha, esquecida pela sociedade da época, e naquele contexto
de crise não via mais esperança, por isso afirmou que com aquele pouco de
comida fariam a última refeição e depois morreriam.
Contudo, o profeta
Elias diz-lhe:
Não tenha medo. Vá para casa e faça o que disse. Mas primeiro faça um pequeno bolo com o que você tem e traga para mim, e depois faça algo para você e para o seu filho. Pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘A farinha na vasilha não se acabará e o azeite na botija não se secará até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra. (1 Reis 17:13,14)
Que tamanha bênção!
E, ao mesmo tempo, que tamanho desafio! O Senhor falou, através do profeta, que
aquela viúva não precisava ter medo, pois o alimento daria para Elias, ela e o
filho, e não acabaria enquanto durasse o período de seca. Deus iria multiplicar
a sua comida! E então, o ponto mais surpreendente dessa história, é que a viúva
creu e fez conforme Elias havia dito.
A Bíblia não nos diz
o que se passou no coração da mulher naquele momento - o que será que de
imediato ela pensou? Será que ela hesitou? Ou imediatamente agiu conforme
aquela palavra? Não sabemos. O que podemos ter certeza é que o Senhor já agia e
preparava o coração daquela mulher, movendo-o a crer na palavra do profeta,
mesmo a viúva sendo uma gentia.
O passo de fé dado
pela viúva de Sarepta foi uma grande bênção para Elias, que encontrou alimento
e refúgio, bem como para ela e seu filho, que encontraram a provisão que lhes
faltava. Deus, soberano e provedor, em Sua bondade, executou o Seu propósito e
ainda trouxe alegria para três corações!
Algum tempo depois,
o filho da viúva fica muito doente, tem uma piora e morre. Então a mulher diz
para Elias: “Que foi que eu te fiz, ó homem de Deus? Vieste para lembrar-me do
meu pecado e matar o meu filho?”¹ Ela não entende como depois de tudo - da
promessa, do milagre de Deus, da hospitalidade - aquilo poderia acontecer com o
seu filho. A pior dor que uma mãe pode sentir, a morte de seu filho, era capaz
tornar pequena e incompreensível toda a experiência passada, por maior que
tivesse sido. Contudo, mesmo ali, Deus não estava distante e nem alheio, Ele
tinha propósito.
Após o profeta
clamar três vezes sobre o corpo do menino: “Ó Senhor, meu Deus, faze voltar a
vida a este menino!”², o Senhor ouve e assim o faz. E então, a mulher vendo o
Seu filho de volta à vida, exclama: “Agora sei que tu és um homem de Deus e que
a palavra do Senhor, vinda da tua boca, é a verdade”³. Dessa forma, podemos contemplar
a viúva de Sarepta, até então desconhecida, negligenciada e esquecida, provando
do poder e do amor de Deus, tendo a sua história transformada e a sua esperança
renovada!
E assim, queridas
irmãs, o que podemos aprender com a história dessa mulher?
O primeiro ponto, é
sobre o olhar onisciente de Deus. O Senhor viu o sofrimento daquela mãe com seu
filho em Sarepta, se compadeceu de sua situação e decidiu abençoá-la enviando
Elias como o instrumento que traria provisão. Em Provérbios 15:3 diz que “Os olhos
do Senhor estão em toda parte, observando atentamente os maus e os bons.” Não
há nada que esteja alheio ao Senhor. E assim como a viúva em sua severa crise,
também você, minha irmã, é vista por Deus. Assim como Ele trouxe a provisão
àquela casa, também pode trazer à sua - ainda que, aos olhos naturais, só haja
alimento para mais uma refeição. Ele é o nosso Jeová Jireh, o Deus da provisão!
O segundo ponto, é
sobre a fé daquela viúva. Mesmo não servindo ao Deus de Israel, aquela mulher
creu nas palavras do profeta Elias e agiu em conformidade com elas. Sabemos que
o Senhor já vinha trabalhando em seu coração para aquele momento, e muito
provavelmente ela já tinha ouvido falar das grandes coisas feitas pelo Deus de
Israel, mas nada disso anula a importância do seu passo de fé. Dar o único
alimento que tinha para Elias e crer que a farinha não acabaria e o azeite não
faltaria, exigia fé. E isso nos ensina, querida irmã, a crer nas promessas de
Deus ainda que, naturalmente, pareça improvável e até mesmo impossível. Deus
nunca mentiu. Deus nunca falhou. Nenhum de seus planos e promessas podem ser
frustrados. Ele é a nossa rocha segura. Como diz a canção de Ana Heloysa:
Se uma tempestade vier destruir o castelo de areia que eu sou, Tu és a rocha dentro de mim. Se a fúria do vento me despedaçar em vestígios de cinzas e dor, Tu és a rocha dentro de mim, e eu vou seguir.⁴
Ele, o SENHOR, é a
nossa firme segurança, por isso, assim como a viúva de Sarepta, Nele podemos
confiar sem medo e sem dúvidas.
O terceiro ponto,
querida irmã, é sobre o privilégio de ser escolhida por Deus para fazer parte
do Seu propósito. Elias precisava de um lugar para refugiar-se e, em meio a
tantas casas e até mesmo a tantas viúvas, o Senhor escolheu aquela viúva. Mas
percebam, minhas irmãs, que Deus chamou a viúva de Sarepta para fazer parte do
Seu plano, mas não a deixou desassistida. Ele quis usá-la para abençoar Elias,
mas não ignorou o sofrimento que ela atravessava. A viúva teve o privilégio de
participar daquilo que Deus estava fazendo, bem como a alegria de ser assistida
e abençoada por Deus em seu próprio sofrimento. Assim ele faz comigo e com
você, querida irmã. O Senhor nos chama para fazer parte do Seu corpo, da
igreja, da causa do Seu Reino, da Sua obra no mundo, mas não nos desampara em
nossas necessidades pessoais, familiares, financeiras. Sabemos que neste mundo
caído nunca conseguiremos servir ao Senhor em total ausência de aflições, mas
podemos ter a certeza que, enquanto nos dispomos a Ele, Ele cuida das nossas
vidas com excelência.
O quarto ponto, é
sobre o fato da bênção de Deus não anular a chegada de aflições. A viúva tinha
acabado de contemplar o milagre da provisão e multiplicação operado por Deus, e
ainda assim, a morte chegou em sua casa. Eclesiastes 7:14 nos ensina que:
“Quando os dias forem bons, aproveite-os bem; mas, quando forem ruins,
considere: Deus fez tanto um quanto o outro, para evitar que o homem descubra
qualquer coisa sobre o seu futuro.” Bênção e aflição não ocupam lugares
antagônicos - uma é de Deus e a outra é do diabo. Pelo contrário: o mesmo Deus
que fez o dia bom, é o Deus que fez e permitiu o dia mau. O mesmo Deus que abre
portas, é o Deus que fecha. O mesmo Deus que permite conquistas e alegrias na
vida terrena, é o Deus que permite perdas e tristezas. O nosso Senhor é quem
conduz as nossas vidas, Ele sabe o tempo e o porquê de tudo o que nos acomete.
Os Seus planos e os Seus caminhos não são como os nossos, por isso, mesmo que
não entendamos, podemos confiar que Ele sabe e que ninguém nos arrebatará de
Suas mãos.⁵
E, o quinto e último
ponto, minhas irmãs, é sobre o propósito de Deus em permitir a morte do filho
da viúva. É bem certo que, mesmo após uma grande benção, o dia mau chegou à
casa daquela mulher - contudo, não foi à toa. As provações trazidas por Deus às
nossas vidas têm um fim pedagógico. Vemos isso, por exemplo, na vida da viúva:
só após o seu filho morrer e voltar à vida, ela pôde exclamar: “Agora sei que
tu és um homem de Deus e que a palavra do Senhor, vinda da tua boca, é a verdade.”⁶
Só após a ressurreição de seu filho, a viúva reconheceu que a palavra do
Senhor, vinda do profeta Elias, era a verdade. Ou seja, por meio daquela
aflição, o Senhor trouxe ao seu coração o convencimento de que Ele é Senhor e
de que Sua Palavra é a verdade. Deus sempre tem um propósito bem definido em
tudo o que faz, não há nada aleatório nos planos Dele.
Assim, queridas
irmãs, através da história da viúva de Sarepta, podemos ver um pouquinho sobre
a natureza de Deus - a Sua bondade, a Sua provisão, a Sua soberania, o Seu
poder e o Seu propósito, bem como podemos aprender com a hospitalidade, fé e
sinceridade daquela viúva. Que a história dessa mulher possa nos inspirar a
crermos, de todo coração, na provisão amorosa de Deus, na soberania Dele em
conduzir nossa história e no prazer que temos em participar daquilo que Ele
está fazendo no mundo.
Que Deus em Cristo
nos abençoe.
Millena Leal
__________________
¹1 Reis 17:18
²1 Reis 17:21
³1 Reis 17:24
⁴Ana Heloysa, música
Dois Castelos.
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