Integridade de coração


O que o nosso Senhor encontra quando olha para os nossos corações? Será que estamos inteiramente diante Dele, ou apenas somos frequentadores de igreja? Será que a nossa fé brota de nosso íntimo, ou é somente “de lábios”? Será que o nosso proceder foi transformado, ou é apenas performance? Será que temos vivido sob as mãos do Oleiro e temos as marcas de Suas mãos em nós, ou caminhamos com Ele somente de longe?

 

É bem certo que quando o mundo olha para nós, ele nos avalia a partir de fatores externos - nossa aparência, nossos títulos, nossa carreira, nosso status, nosso carro, nossa casa, etc. Ou seja, para o mundo, quem somos está diretamente ligado e condicionado àquilo que é visto, ao que está patente aos olhos, à aparência. Contudo, o Senhor Jesus não se impressiona com valores externos, pois o seu olhar está voltado para o nosso interior.

 

Essa afirmação fica clara ao meditarmos nas palavras de Jesus aos fariseus. Os fariseus eram um grupo judaico religioso que prezava com grande zelo pela obediência à Lei, mas que não a possuía em seus corações. Um exemplo prático disso é que eles pregavam misericórdia enquanto o seu proceder com o outro era cheio de rigor e juízo. Ou seja, por meio de seu zelo eles aparentavam santidade e retidão, mas a sua espiritualidade era falsa e vazia. Observem as palavras que Jesus lhes dirigiu:

 

Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas. Guias cegos! Vocês coam um mosquito e engolem um camelo. Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês limpam o exterior do copo e do prato, mas por dentro eles estão cheios de ganância e cobiça. (Mateus 23:23-25)

 

A exortação de Jesus a eles é que não fossem como sepulcros caiados - bonitos por fora e imundos por dentro, mas que primeiro limpassem o interior do corpo, para que, então, o exterior também viesse a ser limpo (cf. Mt. 23:26,27). Ou seja, vemos a preocupação de Jesus com uma vida autêntica e genuína, vivida de dentro pra fora. O nosso mestre não se impressiona com a nossa aparência religiosa, pois o seu olhar não se limita à superfície, Ele penetra nas profundezas dos nossos corações e sabe se somos, verdadeiramente, seus seguidores.

 

As pessoas podem se impressionar com a nossa aparência, e até serem enganadas por ela, mas o nosso Mestre, não. Outro exemplo disso é a mulher samaritana, quando Jesus pergunta pelo seu marido (Jo 4:16), e também o jovem rico, quando Jesus manda-o vender seus bens e distribuir aos pobres (Mt 19:21). Nos dois casos, Jesus estava enxergando o interior dessas duas pessoas - suas dores, seus corações, seus pecados, muito além das suas vestes, do seu povo, da sua fama e de seus bens. Dessa mesma forma Ele também nos vê, nada passa oculto de Seu olhar.

 

Com base nessas coisas, entendemos que o que o nosso Deus deseja operar em nós não se limita a uma mudança de comportamento, mas é uma transformação do coração. É trocar o coração de pedra por um de carne, é nascer do Espírito, é ser gerado de novo. O nosso Senhor não exige de nós uma mudança externa desassociada de uma transformação interna. Na verdade, o Seu desejo é que a nossa mudança seja fruto da transformação dos nossos corações - só assim ela poderá ser genuína, verdadeira, legítima. Percebam o que Paulo escreve sobre a verdadeira obediência:

 

Não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é meramente exterior e física. Não! Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é a operada no coração, pelo Espírito, e não pela lei escrita. Para estes o louvor não provém dos homens, mas de Deus. (Romanos 2:28,29)

 

Dessa forma, queridas irmãs, não devemos investir a nossa energia em “parecer” ou “mostrar” ser algo, pelo contrário, devemos investir a nossa energia em buscar graça e poder em Deus para, de fato, sermos aquilo que Ele deseja. Por mais que a sociedade viva uma vida de aparência e performance, a nossa preocupação deve estar no nosso coração, pois, o visível só é capaz de surpreender e enganar as pessoas, jamais ao Senhor. Por isso, que não percamos mais tempo e cuidemos daquilo que realmente é valioso, ou, um dia, veremos tragicamente o quanto os nossos esforços nada serviram quando investidos fora do nosso coração.

 

Sabemos que, como filhas de Deus, a nossa reputação tem a sua importância, mas ela deve estar em seu devido lugar - não devendo ser o nosso alvo, mas o nosso resultado. Devemos buscar ao Senhor em primeiro lugar, e assim, naturalmente, alcançaremos uma boa reputação. Vivendo dessa forma, não correremos o risco do engano, da idolatria e ainda experimentaremos uma vida verdadeiramente cristã.

 

A verdadeira vida cristã consiste em viver em integridade. Ser íntegro é ser inteiro e não em partes, é estar totalmente diante de Deus e não ter um coração dividido. O próprio Jesus afirmou que é IMPOSSÍVEL servir a dois senhores (cf. Mt 6:24), sendo assim, podemos considerar que ser íntegro é ser alguém que vive UNICAMENTE sob o senhorio e governo de Cristo

 

A Bíblia nos diz que o Senhor nos vê em secreto (Mt 6:4,6,18), que Ele olha para o nosso coração (1 Sm 16:7), e que Ele nos sonda e nos conhece (Sl 139:1), ou seja, Ele enxerga o nosso interior e o CONSIDERA. O Senhor não deseja, apenas, que não matemos, o desejo Dele é que nem mesmo odiemos o nosso irmão. Ele não deseja que, apenas, não adulteremos, o desejo Dele é que nem mesmo cobicemos o cônjuge de nosso próximo. O nosso Deus está preocupado com o nosso caráter, com os nossos desejos interiores, com o nosso coração.

 

Assim, querida irmã, que você não perca tempo sustentando máscaras com o coração não transformado, pois “o Carpinteiro olha direto para o seu coração e vasculha a sua alma, e é justamente nesse campo que você será encontrado fiel, ou não.”¹ Que, por todos os nossos dias, possamos orar como o salmista: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.” (Salmos 139:23,24).

 

Que Deus em Cristo nos abençoe.

 

 Millena Leal

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¹: Liderança e Integridade, Ronaldo Lidório, p. 13.

 



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